O drama de uma família retirada de casa no Bairro Nilo Gonçalves

A falta de moradia é um grave problema vivenciado nas cidades do Brasil e de vários outros lugares do mundo. Em Alegrete a situação não é diferente, prova disso, são os bairros constituídos através de ocupações, sendo a maioria. Mas além desta medida, muitas famílias buscam o tão sonhado lar, através de financiamentos, programas do Governo ou do Município.

Nesta semana, uma família procurou a reportagem do PAT para expor seu drama. Há um ano, eles foram retirados de uma casa, do Projeto PAC – Regalado, diante de uma ordem de reintegração de posse, feita pela Caixa Econômica Federal. Porém, o que eles alegam é o fato de que houve uma permuta pela casa em que eles residiam com a residência localizada no bairro Nilo Soares Gonçalves. Katiane Rodrigues e Maicon Souza, ambos de 30 anos, têm três filhos e hoje estão de favor na casa da mãe de Maicon.

Imaginando que estavam fazendo um negócio dentro da Lei, pois fizeram um contrato de permuta, assinado em Cartório, com o antigo proprietário da casa na Nilo, eles entregaram a que estavam morando na Airton Senna e, durante dois anos, ficaram na residência que acreditavam ser proprietários. Mas foram retirados como invasores, mesmo com todas as tentativas de acordo.

Durante este ano, o casal lutou pelo direito à moradia. Contudo, sem sucesso, procuraram o PAT pois a casa que estavam desde que foram retirados, está abandonada e, hoje, sem portas, janelas, vaso, entre tantos outros danos. Ficou “habitada” por usuários de drogas, usada para ponto de prostituição. Também foi usada em um caso de abigeato, em que a Brigada Militar localizou carne no endereço.

“Quando fomos retirados, minha esposa que tem problemas de audição e estava grávida, não foi ouvida quando pediu para que pelo menos tivéssemos mais tempo para tentar uma solução. Ficamos calados todo esse tempo, mas não somos bandidos e não invadimos nada, foi feito uma permuta, que se estava errada, ninguém nos comunicou. Alem dos inúmeros casos que sabemos que aconteceram da mesma forma e as pessoas estão lá. Alegaram que precisávamos estar na lista, cadastrados, mas isso não aconteceu pois acreditava que o negócio seria correto” – explicou Maicon.

Maicon assegura que não questiona o fato da legitimidade da reintegração, entretanto, buscou incansavelmente de uma forma ou de outra fazer um acordo para que pudesse continuar na casa ou de dar um lar à família. Ele se diz frustrado com a forma em que as pessoas que realmente precisam de moradia, muitas vezes são “tratadas”. “É muito triste ver a casa que era nosso lar destruída por vândalos e eu e minha família morando de favor. Nem ao menos outra pessoa foi realocada, parece cruel” – finalizou.

No caso desta família, eles já tinham uma casa e não estavam na lista do programa relacionado à moradia. Dois fatores que foram colocados durante todo processo.