O milagre da vida contemplou Betânia em 40 dias na UTI Neo

Ao longo de seis anos do PAT muitas histórias surgiram, algumas de muita superação, outras emocionantes, tristes e alegres. Alguns relatos foram de emocionar, não somente o protagonista, mas o repórter que estava recebendo a informação. Como sempre, os testemunhais em relação à UTI Neonatal e experiências de quase morte são tocantes. Em mais uma descrição de uma mãe que passou um período prolongado nos corredores da Neo, a palavra gratidão foi a mais citada.

 

Desta vez, vamos contar a história de Betânia e Lívia.

Há um ano, a vida de Betânia Camargo da Silva, hoje com 26 anos passou por uma grande transformação. Não apenas no corpo,  pela gestação, mas em sua alma. A alegretense renasceu, teve uma segunda chance de vida e foi contemplada com o nascimento da filha, Lívia da Silva Chaves que completou seu primeiro ano de vida no último dia 22 de agosto. Mas, já de início teve duas datas que marcam sua existência, além, da data de nascimento, dia 6 de setembro foi o momento em que ela deixou o hospital nos braços da mãe depois de 1 mês e 10 dias na UTI Neo.

O início

Betânia que residia no bairro Piola com os pais, o presidente Joceli Oviedo,  descobriu que estava grávida com quatro meses de gestação. “Foi um grande susto, eu e meu esposo, na época, namorando, não planejamos e, nos primeiros três meses eu não tive nenhum sintoma diferente e minha menstruação era normal”- comentou.

Porém, a tranquilidade dos três meses não se prolongaram, já na primeira ecografia, Betânia foi informada que estava com quatro meses e o pré-natal estava iniciando tarde.

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Até 30 semanas foram várias idas até à Santa Casa, até que, no dia 21 de agosto quando ela acordou irreconhecível devido ao inchaço, o esposo a levou para o hospital. Assim que chegou, verificaram a pressão arterial e a maratona iniciou. “De hora em hora minha pressão era aferida, até que, na troca de plantão às 6h do dia 22 percebi uma movimentação diferente depois que a técnica esteve no meu quarto. Mas, até então, sabia que o risco era devido à pré eclâmpsia. Foi tudo muito rápido, e pouco tempo depois eu já estava no bloco cirúrgico. Foi um momento muito difícil pois estava um pouco sedada e a única coisa que recordo é da minha família, meu esposo dizendo que tudo iria ficar bem. Depois uma senhora que me abraçou no bloco no momento de deitar para o anestesista, me senti nos braços da minha mãe, mas não recordo o rosto dela” – comentou.

O parto

No momento em que Betânia foi para o bloco, a família ficou sabendo da gravidade da situação. O pai, ouviu do médico que iria fazer de tudo para salvar a mãe e depois a médica da UTI Neonatal iria fazer o mesmo com a neta. “Meu pai se ajoelhou na Santa Casa e em oração pediu pela minha vida e pela vida da minha filha. Depois pediu uma corrente de orações nas redes sociais. Foram horas de muita angústia, todos apreensivos com o que iria acontecer. Na sequência, eu fui para a sala de recuperação e Lívia estava na Neo, mas eu não sabia. Ainda tudo era muito confuso. Eram tantos planos, de um chá de fralda, de um ensaio fotográfico no oitavo mês, tantos planos interrompidos por uma complicação que chegou de forma muito intensa e por muito pouco eu e minha filha não perdemos nossas vidas” – descreveu muito emocionada.

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Durante toda a narrativa, Betânia se emocionou muito, por momentos a voz embargada e o choro eram mais presentes que a fala, apesar de já ter passado um ano, o que ela viveu e por estar com a filha comemorando seu primeiro ano de vida são sentimentos muito latentes.

A Neonatal

Depois que saiu da recuperação, a jovem mãe recebeu a notícia que a filha tinha vindo ao mundo com pouco mais de 1kg, 37cm e estava na 30ª semana de gestação, por esse motivo Lívia iria ficar na UTI Neo. Até assimilar tudo que estava acontecendo, Betânia passou por períodos de muita angustia e medo. Ver a filha com todos os tubos e acessos dentro de uma incubadora, foi muito chocante e Betânia não segurou às lagrimas. Neste período foram 30 dias na Neonatal e mais 10 dias na Mãe Canguru.

A jovem mãe ressalta que durante todo o período que esteve na Santa Casa, os profissionais foram incríveis, são anjos vestidos de branco, completou. “Através da Dra Marilene eu falo em nome de toda equipe para não esquecer de nenhum nome pois cada um teve sua importância e salvaram minha vida e minha filha” – lembrando desde o momento do parto até a alta da filha.

“No primeiro dia que fui para casa e ela ficou na Neo, a sensação é que meu coração estava ali, parte mim ficou pra trás, sai do hospital com um vazio tão grande que não sei descrever a dor. Foram dias difíceis até que ela finalmente foi para casa.”- descreveu.

Toda a narrativa, também se deu em um momento em que a pequena Lívia acabara de completar seu primeiro aninho e teve comemoração, íntima devido à pandemia, mas muito importância para a família e todos que acompanharam aquele período.

“Ouvir do médico que quase fui a óbito, assim como minha filha e, hoje, ter o privilégio de comemorar essa data, não há palavras que eu possa descrever essa sensação. Mas acima de tudo, gratidão e muita fé. Deus, acima de tudo Deus. Quando soube que meu pai se pôs de joelhos a rezar e implorar pela minha vida e da minha filha, tive a certeza que o amor dele e as preces de todos foram atendidas pelo Pai Maior” – falou.

Para encerrar, Betânia que é casada com Douglas Cordeiro Chaves de 28 anos, disse que sempre teve o sonho de ser mãe, porém, jamais imaginou que ela e o companheiro iriam passar por essa experiência de serem pais neo. Entretanto, tudo foi um aprendizado e serviu para um crescimento valioso como pessoa. Minha vida teve uma mudança significativa, aprendi que não importa os planos que fizermos quando os de Deus são outros. Com isso, aprendi a não planejar nada, mas viver de forma muito intensa.  como meu pai diz: somos duas guerreiras. Por isso, digo sempre que minha filha é meu bebê milagre” – concluiu.

Flaviane Antolini Favero