O técnico agrícola que, desenganado, se reinventou na fé e ajuda pessoas

Um milagre. Essa é a palavra que mais ouvi nos últimos anos, disse Alessandro Monteiro, hoje com 41 anos.

Em um relato que deixa muitos ensinamentos e demonstra a força da Fé, o obreiro da Igreja da Graça esteve na redação do PAT e descreveu que, para a medicina era impossível estar vivo, e, ele contrariou os prognósticos e está muito bem.

Alessandro que sempre foi muito ativo, era desportista, trabalhava com assistência técnica em lavoura de arroz e tinha uma rotina muito agitada, foi impedido pelos médicos de realizar qualquer atividade que puxesse gerar esforço físico. Hoje, ele não pode nem ao menos pegar a filha de 2 anos no colo.

O problema de saúde

No ano de 2017, Alessandro estava indo para a Igreja quando, pela primeira vez, sentiu uma dor muito forte no braço. Ele disse que no primeiro momento sentiu vontade de ir ao banheiro, mas não conseguiu urinar, o que já foi uma benção, pois o médico explicou que isso iria provocar um dano maior ao coração e poderia matá-lo.

Ele foi na UPA, no dia, medicado e nada identificado de grave. Voltou para sua rotina e trabalho, mas a dor no braço esquerdo persistia e cada vez o incomodava mais. Ele decidiu procurar um médico cardiologista e, a partir daquele momento a vida dele deu um reviravolta. Depois da consulta com a médica cardiologista e os primeiros exames, veio o diagnóstico de que ele havia sofrido um AVC Isquêmico e não estava com sequelas, porém, ocorrera a dissecção da carótida, do lado esquerdo inicialmente e na sequência lado direito.

Ao ter o resultado da tomografia, também ficou sabendo que no mínimo era para ele estar sem falar ou sem a mobilidade nos membros inferiores e superiores. O resumo: foram 60 dias no Hospital de Cardiologia de Rio Grande, cinco na UTI, todo tempo acompanhado da esposa Lena. Para medicina, tudo o que Alessandro ouvia é que era um mistério o que estava acontecendo com ele, a veia do lado esquerdo fechou por conta e a direita rompeu e secou, o que já era pra ter provocado um coágulo, ou um infarto, pois não teria como o sangue circular, mesmo assim, formou-se uma camada natural onde passa a corrente sanguínea.

Tudo isso foi no período em que estava hospitalizado, que ocorreu a hipótese de uma cirurgia, mas as chances de ter sucesso seriam mínimas, caso isso acontecesse ficaria sem mobilidade no lado esquerdo. Foi então que ele optou pelo tratamento e buscou uma forma de se reinventar, pois se ficasse em casa, iria pirar, comentou.

 

Ainda no hospital, o alegretense realizou muitas orações para os pacientes. Um em especial que o marcou foi um senhor que falou ser ateu, mas aceitou que ele fizesse uma oração depois que o obreiro salientou: “o Deus que eu sirvo, ele pode te ajudar”. O senhor tinha muito dinheiro, mas não poderia comprar o mais valioso que era a saúde. Depois de um tempo ele acabou falecendo e Anderson ouviu da esposa que tinha partido em paz pois tinha ouvido a palavra de Deus e isso o ajudou.

Foi a partir desse dia que Anderson passou a realizar ainda mais trabalhos voluntários e se engajou em causas humanitárias, Uma delas é a ação que realiza no Presídio Estadual de Alegrete há seis meses. Além da palavra ele leva esperança e auxílio aos apenados e seus familiares. Foi responsável por várias doações de kit de higiene, cestas básicas e brinquedos para as crianças. “No primeiro dia, apenas quatro presos ouviram a palavra, hoje, são cerca de 30” – disse.

Quando já estava realizando este trabalho comunitário, o obreiro recebeu a informação de que a mãe estava com câncer. Ele que nunca questionou o motivo de tudo que aconteceu com sua saúde, perguntou para Deus em suas orações o porquê da doença da mãe e foi que descobriu que ela nunca tinha perdoado o ex-marido.

“Minha mãe ficou por anos alimentando algo negativo, não conseguia perdoar meu pai. Tomei a decisão de levá-lo até o hospital e os dois pediram perdão. Foi uma cena que jamais vou esquecer, mas minha mãe teve a paz. Tanto que eu senti, o momento em que ele faleceu” – citou.

Conforme Alessandro, em alguns momentos ele já se deparou com a falta de respeito com a religião. Isso é algo que ele não tolera. “Pois muitas pessoas confundem aflição com sofrimento e Deus nunca dará o fardo mais pesado do que tu possa carregar. Mas, é importante saber que por trás de tudo, tua força maior sempre será a Fé”- enfatizou.

Para finalizar ele lembrou que pela medicina, exceto o médico Carlos Cunha, os demais todos o desenganaram. Disseram que o caso dele era pior que um câncer. Mas atualmente é um cara feliz, dentro de um contexto que tinha tudo para que não estivesse mais ao lado de sua família. Por esse motivo, ressalta que vive um dia por vez, sem pressa e aproveita cada instante. Lamenta por não poder desenvolver o trabalho que tanto se dedicou e por 22 anos fez com muito amor. Comentou que ouve muitas pessoas falando em se aposentar ou entrar em laudo, ele diz que daria tudo para estar trabalhando. Entretanto, na nova fase, ao se reinventar e ver o quanto ajudar o próximo pode ser muito gratificante, acredita que o propósito de Deus está em suas ações.

Todo trabalho social que desenvolve não tem cunho político, tem parceiros e muita boa vontade.

Alessandro é casado com Lena Monteiro e tem dois filhos, Eduardo de 13 anos e Amanda de dois.

 

Flaviane Antolini Favero