Pai diz que o maior presente neste domingo é ver o filho livre das drogas

O amor de pai sem limite e barreiras. Neste dia, especial e dedicado a todos os pais, vamos a mais uma história. Esta com certeza também vai emocionar e deixar uma linda mensagem de superação e plenitude.

A identidade do pai e do filho foram preservadas a pedido dos mesmos. O homem, de 57 anos, disse que não é fácil falar do assunto, mas acredita que existam muitas famílias na mesma situação e que acima de qualquer coisa deve sempre ser colocada a fé e a persistência para que o objetivo seja alcançado.

Ao iniciar a descrever, o choro foi inevitável. O pai relata o drama e a conquista em ver o filho vencer as drogas.

“Meu filho hoje está com 27 anos e depois de passar uma semana desaparecido em janeiro, eu o encontrei todo sujo, com a roupa rasgada e debilitado. Uma cena lamentável. Mas, mesmo assim, foi indescritível minha felicidade, pois o maior desespero seria ter que reconhecê-lo no IML ou caído em uma sarjeta. Rezei muito para tê-lo vivo, independente das consequências que teria que enfrentar depois. Falo isso, porque por quatro vezes valores consideráveis foram para mãos de traficantes.  São dívidas imperdoáveis, que nenhum pai questiona se a vida do filho está em risco, mesmo com todas as dificuldades serão pagas”- falou com lágrimas no rosto.

(Foto ilustrativa)

Ao ver aquele pai, radiante diante da visita do filho que desde fevereiro está em uma clínica de reabilitação em Mostardas e, ao mesmo tempo com dores profundas de um período difícil, demonstra que o amor incondicional e a proteção independe idade.

A descoberta

O trabalhador revela que o filho foi criado em CTGs, apaixonado pela cultura gaúcha e foi por muitos anos peão. Um menino exemplar, que jamais deu motivos para preocupação ou sequer algum dia desrespeitou os pais. Com uma educação elogiada por muitos familiares e amigos, o jovem não deixava de falar com os pais onde quer que ele fosse. Mesmo depois dos 18 anos comunicava tudo para que não ficassem preocupados.

Até que ele começou a trabalhar numa empresa (transportadora). As viagens eram para muitos estados e cidades. Mas o contato com a família era frequente. “Quando ficamos sabendo que ele era usuário de drogas, já fazia um bom tempo que ele usava, entretanto, nunca desconfiamos. Meu filho chegava em casa, conversava conosco, pedia benção. A única coisa que começamos a nos preocupar era porque ele não jantava, essa droga maldita tira o apetite” – comentou.

Ainda conforme o pai, o início do filho nas drogas foi de um jeito que parece inacreditável. Ele começou a fazer uso de rebite para ficar acordado e depois quando não fazia o efeito esperado, passou para a cocaína. E como estava empregado, sustentava o vício e nós nunca iríamos saber. Mas a empresa fez alguns cortes e ele foi um dos que ficou desempregado. Meu guri não tirou uma colher de dentro de casa para sustentar o vício, mas ficou devendo, quatro vezes. Foi aí que ficamos sabendo e ocorreu a primeira internação, na Santa Casa de Alegrete. Foram seis meses sem uso e a primeira recaída. Depois mais alguns meses e a segunda internação. Mais sete meses sem uso e novamente ele caiu em tentação. Foi aí, que houve essa terceira e última hospitalização aqui, até ele ir para clínica.

Depois de uma semana desaparecido, quando eu o encontrei, ele me olhou e pediu: pai, me leva para uma clínica, preciso de ajuda. Não quero simplesmente passar alguns dias na Santa Casa. Quero fazer a desintoxicação completa. Neste dia, iniciamos a luta pela clínica até surgir essa vaga que ele se encontra até hoje. Nasceu um novo homem, agradeço a cada segundo do dia e confio no meu filho”- enfatizou.

Na última semana, o jovem veio a Alegrete e para alegria do pai, falou o quanto está bem. Ele fez um curso de monitor e está com muitos planos para quando sair da clínica, o que deve acontecer em setembro.

Eu sou o porto seguro dele, ouvir isso faz com que tudo se justifique. Amo meus filhos e acredito que nesta data o mais importante para os pais é sempre ter fé e confiarem que duras situações podem ser revertidas. Não é fácil, só quem passa sabe o quanto é desesperador certas situações, mas os filhos são nossas maiores riquezas” – concluiu.

Flaviane Antolini Favero