Pais de vítimas da Kiss chamam dono de boate como testemunha de defesa deles

Situação incomum ocorre porque familiares de jovens mortos estão sendo processados por calúnia pelo Ministério Público

kiss

Um processo judicial que teve como origem o incêndio da boate Kiss, em Santa Maria — que matou 242 pessoas em janeiro de 2013 — será objeto de uma situação incomum. Pela primeira vez desde o acidente, devem ficar do mesmo lado do processo pais das vítimas e os principais acusados de serem responsáveis pelas mortes.

É que alguns pais de jovens mortos na Kiss estão sendo processados por calúnia pelo Ministério Público. Eles disseram que um promotor de Justiça permitiu que a boate ficasse aberta, mesmo com todos os defeitos que acabariam por gerar a mortandade: uma só saída do prédio, barreiras de metal próximas às portas (que funcionaram como armadilhas), espuma isolante de ruído (que se revelou tóxica e mortífera ao pegar fogo). No contra-ataque, o MP moveu ação contra Flávio Silva (presidente do movimento Do Luto à Luta) e contra integrantes da Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia em Santa Maria

Flávio Silva então arrolou como testemunha um dos donos da boate Kiss, Elissandro Kiko Spohr, que depõe hoje em Santa Maria, e seu advogado, Jader Marques. Kiko responde pelo homicídio das 242 vítimas e disse, em entrevista a Zero Hora, que a boate funcionava naqueles termos porque o Ministério Público permitiu e fez acordo nesse sentido.

— O Kiko vai mostrar à Justiça que meu cliente, pai de vítima, está certo: um promotor permitiu que a boate funcionasse. Isso é verdade e não calúnia — resume Pedro Barcellos, advogado de Flávio Silva.

 

Fonte: Diário de santa Maria