Pandemia atinge o momento mais crítico em Alegrete, e as projeções são preocupantes, alertam os médicos

Em três dias, Alegrete registrou 131 casos positivos do novo coronavírus e um óbito. Outros dois aumentos muito efetivos foram os casos de pessoas aguardando resultado e pacientes ativos.  Na segunda-feira(23), aguardando resultado havia 58 pacientes e 472 ativos, já na terça-feira(24), eram 84 pessoas e 473 ativos, porém, na quarta-feira os dados ficaram muito assustadores, além de contabilizar o 21° óbito, o número de infectados foi o maior até o momento, 49 casos positivos em um único dia, assim como os números de pacientes aguardando resultado que foi de 104 pessoas e mais de 500 ativos.

Com esses dados, a reportagem mais uma vez, falou com o estatístico, advogado e alegretense Marco Dorneles Rego. Ele é responsável por todos os gráficos detalhados deste período de pandemia que iniciou em fevereiro no Brasil, com o primeiro caso positivo de Alegrete em abril.

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O alegretense se especializou no assunto e, hoje, é encarregado por oferecer essa pormenorizada radiografia do comportamento da Covid-19 para Alegrete e Região, pois atende à Prefeitura Municipal, Santa Casa e 10ª CRS de Alegrete.

Marco disponibilizou dois gráficos que mostram a relação causa/efeito. Tudo o que há meses vem, de forma ostensiva, sendo alertada pelos médicos que estão na linha de frente, além de outros profissionais da área de saúde e demais órgãos e governo.

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O estatístico apresenta a primeira ilustração gráfica, que representa o início da pandemia no Município. O vírus, naquele período desconhecido de todos, o que gerava ainda temores maiores, chegou em Alegrete e algumas medidas foram rapidamente tomadas e um comitê foi criado para respaldar as medidas serem tomadas com mais embasamento. Neste período também ocorreram os dois lockdowns.

Marco acrescenta que, epidemiológicamente, está comprovado que o lockdown de dois dias não tem efeito para frear o contágio do vírus.  Entretanto, naquele período, como mostra o gráfico, as pessoas ficaram mais temerosas e respeitaram as medidas sanitárias impostas e o distanciamento social.  Com isso, houve um efeito muito positivo e a curva teve um declínio considerável.  Em agosto, em alguns finais de semana, a cidade chegou a zerar o número de casos positivos.

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Porém, a partir do segundo gráfico,  fica evidente o período que iniciou o relaxamento dos cuidados e um aumento maior de aglomerações.  Marco pontua que foram quatro feriadões próximos, iniciando no sete de setembro, depois no dia 20, com a sequência dos dias 12 de outubro e dois de novembro.  Com o relaxamento dos cuidados e cada vez mais o aumento de denúncias de festas clandestinas, além de junções em praças,  parques e alguns pontos da cidade para consumo de bebidas nas madrugadas, onde várias vezes a fiscalização dispersou grupos de mais de 50 pessoas, sem máscaras e em grupos de no mínimo 10 pessoas, sendo que nem todos eram da mesma casa,  os números passaram a ficar cada vez mais ascendentes. O calor, as temperaturas mais amenas e a falta de conscientização da população também contribuíram. Com esse segundo gráfico e, junto aos feriados, ocorreu a campanha política.  Por mais que protocolos fossem cumpridos e o tempo fosse limitado, de alguma forma, esse evento contribuiu também para esse estágio atual de contágio.

Todos esses dados mostram que, a falta de cuidados da comunidade têm reflexo direto para a ascensão dos casos e consequentemente, para o colapso no sistema de saúde.

De acordo com a Dra Simone Estivalet, responsável pela UTI Covid em Alegrete, por quase uma semana a UTI ficou com 100% da sua ocupação de leitos e quatro pacientes foram transferidos de Alegrete para outras cidades. A vaga que surgiu na noite de ontem, infelizmente foi em razão de um óbito.  Pois, além de não ter leitos disponíveis, o que também é muito preocupante é a gravidade  dos pacientes  internados, todos intubados, o que demora na abertura de vagas e a espera é mais prolongada.

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“Infelizmente, não temos como descartar o aumento no número de óbitos, em razão da gravidade dos casos. Os pacientes já estão internando com lesões pulmonares graves” – disse a pneumologista.

Em uma coletiva, no Centro Administrativo,  na última sexta-feira, onde a médica também participou, assim como outros integrantes do comitê como: a Dra Marilene Campagnolo, a Secretária de Saúde Haracelli Fontoura, Prefeito Márcio Amaral e o estatístico Marco Dorneles Rego, a pneumologista Simone Estivalet já havia feito um relato impactante da situação. São apenas cinco médicos para às 24h por dia durante os sete dias da semana.  Ela considerou que a população pode estar cansada, mas os profissionais estão exaustos e, mesmo assim, tratam todos os pacientes com muito carinho, zelo e atenção. A maioria está fazendo hora extra.

 

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Os gráficos enviados pelo estatístico Marco Dorneles Rego apenas reforçam que o momento é de mudar os hábitos e cuidar de si e de quem se ama.  Pois esse vírus não escolhe raça, cor ou idade. Isso ficou evidente no relato das médicas onde elas destacam que há muitos jovens de até 32 anos infectados,  alguns em situações graves o que também refletiu dentro dos lares, onde numa única família, mais de doze pessoas foram infectadas a partir de um membro jovem ter ido a um local onde havia aglomerações.

 

Flaviane Antolini Favero