Pantaleão faz 106 anos e lamenta a pandemia que o impediu de fazer um grande churrasco

Em época de pandemia surgem surpresas positivas que reascendem a esperança e também demonstram que é preciso viver a vida da forma mais intensa e verdadeira possível. De maneira simples ou não, mas que o bem seja sempre um aliado.

Assim pensa o ancião Pantaleão Barbosa que completou no dia de ontem(27), 106 anos. Na semana passada, a reportagem fez uma matéria com outro centenário, Heitor Antônio da Silva, que completou 104 anos. Naquele dia, foi citado que talvez ele fosse o alegretense mais velho, pois a reportagem, assim como ontem, buscou informações de alegretenses mais velhos e não obteve informações precisas. Porém, o mais importante é que os dois são saudáveis, lúcidos e estão gozando de uma vida feliz e com muita energia. A longevidade, de ambos, impressiona.

Mas, desta vez, o destaque vai ficar com o centenário Pantaleão Barbosa, que até o momento não identificamos registro de outro mais velho. Os seres humanos estão vivendo cada vez mais. Hoje é comum encontrar pessoas com mais de 100 anos e o grupo de pessoas com mais de 105 anos, também, está aumentando. E o principal, são registros de pessoas centenárias com qualidade de vida, que ainda compartilham sua riqueza(sabedoria), de forma muito natural com suas famílias.

Uma das netas de Pantaleão, Ana Lúcia Severo, disse que ele tem uma saúde de dar inveja em muitas pessoas, além da memória que é um grande referencial, pois ele está sempre atento a tudo e a todos. Nunca esquece de nada, tanto do passado quanto do presente, o que é uma dádiva, destacam.

Há 20 anos, Pantaleão é viúvo e passou por mais duas perdas que o deixaram muito abalado, de duas filhas e um filho. Mesmo assim, ele é o esteio da família e quando necessário é quem tem as palavras certas para consolar e dar bons conselhos, daqueles que são verdadeiras lições de vida.

A felicidade dele é ver a família reunida. Atualmente tem 22 netos, 32 bisnetos e nove tataranetos, por esse motivo acompanha todos os fatos relacionados à pandemia para que logo logo possa reunir a família para um churrasco, uma das paixões, além do truco e dominó. “O mais difícil é ganhar dele em qualquer jogo, é muito esperto” – disse sorrindo Ana Lúcia.

Para o centenário, um dos segredos da vida é o amor ao próximo e manter a mente jovem. Ele faz caminhadas diárias, nem que seja dentro do pátio, pois sempre salienta que não é “velho”. O aniversário esse ano, não teve o mesmo sabor, a mesma alegria e a mesma intensidade pois ele não pode realizar um grande churrasco, como era seu desejo, mas destaca que quando era criança tudo sempre muito simples.  Porém, as dificuldades e até mesmo a gripe espanhola que assolou o mundo no ano de 1916, foram superadas com mais compaixão entre as pessoas.

” Naquele período as pessoas eram menos teimosas, umas cuidavam as outras.  Agora com esse vírus da COVID-19, ” ouço e vejo muito que faltam com respeito, falta mais amor e compaixão. Acho que essas coisas também é o início da cura. Tu cuidar de si e dos outros, com menos ódio e mais amor” falou o ancião.

Pantaleão, quando jovem, residiu um tempo em Uruguaiana. E teve várias profissões ao longo de décadas, foi sapateiro,funcionário público municipal, o conhecido ronda, vendedor, militar e também atuou muitos anos em um matadouro, por esse motivo diz que iniciou a paixão pela carne, principalmente por cortes que sempre representam um bom churrasco.

Quando fazemos esses registros queremos mostrar que, invariavelmente, os longevos com idade acima da média têm algo em comum- levam a vida com leveza, falam e praticam o bem, foram ao longo da vida pessoas que servem quem os rodea e cultivam bons pensamentos. Precisamos desses ensinamentos já que a tendência da humanidade é viver cada vez mais.

 

Flaviane Antolini Favero