Patrão de CTG que sediará casamento gay diz ter sofrido ameaças

Uniões homoafetivas estão marcadas para 13 de setembro, quando se iniciam os festejos da Semana Farroupilha

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 O patrão do Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Sentinela do Planalto, Gilbert Gisler, afirma ter sofrido ameaças depois de a entidade anunciar que irá sediar a união de dois casais gays durante um casamento coletivo, em Santana do Livramento. Ele registrou ocorrência na Polícia Civil do município no início deste mês após atender a uma ligação anônima.
Conforme o tradicionalista, conhecido como vereador Xepa, o telefonema foi recebido no dia 29 de julho, em seu gabinete. Do outro lado da linha, um homem afirmava que um grupo estaria se articulando para “acabar” com a cerimônia.
— Segundo o rapaz, o pessoal desse grupo disse que o casamento não sai de jeito nenhum, nem que para isso tenham que “dar um pau nesse tal de Xepa, dar um jeito na juíza e botar fogo no CTG” — conta o patrão, que afirma não ter ideia de quem faça parte do “grupo”.
A cerimônia coletiva de 30 casais — entre os quais, dois homoafetivos — está marcada para o próximo 13 de setembro, quando se iniciam os festejos da Semana Farroupilha. A sugestão de celebrar a união entre pessoas do mesmo sexo num CTG foi dada pela diretora do Foro de Livramento, juíza Carine Labres. O evento, num reduto tradicionalista, dividiu Livramento. Segundo a magistrada, reações como essas já eram esperadas:
— A gente lida com isso com tranquilidade, porque sabemos que muitas pessoas não sabem trabalhar com situações que são inovadoras e polêmicas de forma racional. Em razão dessas questões, da pressão que está havendo, estou mantendo em sigilo o nome desses casais.
Conforme a juíza, a segurança será reforçada no local devido ao número de pessoas que estarão no evento. Segundo ela, não há chance de o evento ser cancelado:
— O casamento vai acontecer, apesar de muita gente querer que não aconteça. Ele é uma realidade que irá se concretizar — garante.
Zero Hora procurou a titular da delegacia onde a queixa do patrão Xepa foi registrada, mas ela se negou a falar sobre o caso. Michele Arigony limitou-se a dizer que “será feito o que tiver de ser feito”.
Fonte: Zero Hora