Perfil de trabalhadores rurais é de homens brancos e mais velhos, aponta pesquisa

Dos 11,4 milhões de habitantes do Rio Grande do Sul, 498.410 pessoas (4,3%) trabalham em atividades rurais

Trabalhador rural

Os dados foram divulgados pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria Estadual de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG).

O estudo demográfico aponta cenários de desigualdade quando essa população é comparada com o total de moradores do estado. No campo, há mais homens, brancos e de mais idade, sendo que as mulheres são predominantes entre os residentes.

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“As informações mais interessantes que a gente encontrou referentes à população dizem respeito a ela ser majoritariamente masculina, 71% da população ocupada na agricultura é de homens. No estado, como um todo, eles representam um pouco menos da metade”, aponta a pesquisadora Daiane Menezes.

Na agricultura familiar, 12,2% dos 293,8 mil estabelecimentos são chefiados por mulheres. Isto fica abaixo da proporção nacional, em que as mulheres comandam 19,7% das propriedades familiares.

Cor e raça

No recorte de cor de pele, a população branca é predominante tanto no campo quanto no geral de trabalhadores do RS. Contudo, a proporção é diferente. Na atividade rural, nove a cada 10 trabalhadores são brancos. No total, são oito brancos em cada 10 pessoas.

Na agricultura familiar, a diferença é ainda maior em relação à média nacional: a população branca é de 92,3% no RS, em comparação com 43,4% de brancos no Brasil como um todo.

A pesquisadora Mariana Lisboa Pessôa cita a estrutura racial do estado como um todo e a localização das propriedades como justificativa para essa diferença.

“A maioria dos estabelecimentos vinculados à agricultura familiar está localizada em municípios com predominância de colonização por imigrantes de origem europeia, como italianos, alemães e poloneses”, diz.

Faixa etária, escolaridade e saúde

Seis entre dez agricultores têm 55 anos ou mais. No total de atividades laborais, a situação muda. Os mais velhos são apenas um terço da população ocupada.

O DEE aponta que os mais jovens ocupados no campo apresentam maior escolaridade do que os mais velhos. As mulheres mais jovens são mais escolarizadas, o que não se aplica para as mais velhas.

Outro problema apontado é em relação à saúde. Há uma diferença significativa entre homens e mulheres ocupados em setores ligados à agricultura que afirmam ter uma saúde muito boa. Enquanto para os entre o sexo masculino é de 16%, para o sexo feminino é de 5,4%.

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No tema saúde mental, quando questionadas sobre depressão, as mulheres com a ocupação ligada ao campo foram as que mais responderam que se sentem assim “mais da metade dos dias” (12,1%), enquanto essa alternativa não foi citada pelos homens com o mesmo tipo de profissão. O percentual das agricultoras ficou acima do verificado no total de mulheres ocupadas, em que 6,7% disseram se sentir deprimidas mais da metade dos dias.

“Os dados do relatório técnico demonstram a importância de ações que incentivem o empreendedorismo rural e o acesso ao crédito por parte dessas mulheres, além de chamar a atenção para a necessidade de um cuidado especial com saúde mental daquelas que têm ocupações ligadas à agricultura”, afirma a pesquisadora Daiane Menezes.

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A pesquisa foi feita em parceria com a Emater e a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural. A equipe do DEE utilizou, como base, dados do Censo Agropecuário, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do Cadastro Único (CadÚnico), da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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