Polícia investiga morte de mulher durante show de Luísa Sonza em Porto Alegre

Veterinária Alice de Moraes, de 27 anos, passou mal enquanto acontecia a apresentação no Pepsi On Stage, no sábado (16). Empresa que prestava o serviço de emergência declarou que a paciente recebeu todo atendimento necessário. Família reclama de negligência.

Polícia investiga morte de mulher durante show de Luísa Sonza em Porto Alegre
Polícia investiga morte de mulher durante show de Luísa Sonza em Porto Alegre

A Polícia Civil investiga a morte de uma mulher durante o show da cantora Luísa Sonza, em Porto Alegre, no último sábado (16). A veterinária Alice de Moraes, de 27 anos, passou mal enquanto acontecia a apresentação, procurou atendimento na ambulância que estava no Pepsi On Stage, mas não resistiu.

A causa da morte só será apontada após uma perícia no corpo, que pode levar até 30 dias para ser concluída. Os envolvidos devem prestar depoimentos nesta quarta-feira (20).

“Quando chegaram os médicos, Samu, quarenta minutos após ela veio a óbito. Tinha um histórico de doença cardíaca. A informação que eu tenho é que ela só tinha ingerido uma cerveja. Então tudo isso nós vamos apurar”, diz o delegado Alexandre Vieira.

A Opinião Produtora, que realizava o show, afirmou que seguiu todos os protocolos e exigências recomendados a qualquer evento de grande porte.

Já a Transul, responsável pela ambulâcia que prestava o serviço de emergência no show, declarou que a paciente recebeu todo atendimento e assistência possível para a ocasião. Segundo a empresa, todos os protocolos foram seguidos, menos a remoção da paciente, porque ela faleceu durante o deslocamento do Samu.

“Importante destacar que as empresas privadas necessitam de uma interação com o SAMU para efetuar a remoção de qualquer paciente”, disse, em nota, a empresa.

Como foi a madrugada

A noite, que era para ser de diversão, terminou da pior maneira para o grupo de amigos. Pouco mais de 30 minutos após o início do show, Alice informou à amiga Camila Rodrigues que iria ao banheiro.

Porém, segundo Camila, ela enviou uma mensagem pelo celular à 1h59 dizendo que tinha passado mal e estava na ambulância.

“Eu fui correndo e encontrei ela lá, desacordada, sentada ao lado da ambulância em uma cadeira branca, deitada. Eu questionei a enfermeira como ela tinha chegado ali, e a enfermeira me relatou que ela própria, a enfermeira, tinha escrito a mensagem. (…) Eles me falaram que tinham encontrado ela desacordada no banheiro”, descreve.

Camila reclama de negligência no atendimento.

“A gente foi muito maltratada nas três horas que a gente teve ali, clamando socorro pela Alice. Eu comecei a questionar o que eles tinham feito, se eles tinham dado alguma medicação, se eles tinham dado água, e ela disse que eles não poderia ajudar, não poderiam atender ela e me orientaram a chamar um Uber”, conta.

A irmã dela, Andreia Moraes, que também estava no show, também reclama do atendimento.

“Não estava sendo atendida, não estava com acesso [para receber medicamento], não tinha tomado qualquer tipo de medicação, não estava sendo monitorada de nenhuma forma. Eu questionei a profissional se tinham dado alguma medicação, se tinham visto [os] sinais vitais. Ela disse que não seria necessário, que eles não podiam dar medicação, porque ela era ex-bariátrica, que a gente tinha que tirar ela dali porque ela já estava há muito tempo. Só precisava ir para casa dormir”, resume.

Contudo, ao perceber a perda de sinais vitais de Alice, chamou outra vez a equipe médica. Só então eles teriam levado a jovem para dentro da ambulância e tentado um procedimento mais eficiente.

“Ela já estava roxa, com a boca roxa, já não tinha nenhum tipo de resposta. Eles me tiraram de dentro da ambulância para começar as manobras de ressucitação. Depois, sei lá, de uma meia-hora, chegaram duas ambulâncias: uma da mesma empresa e outra do Samu. Já tinha chegado polícia, enfim, mas ela já tinha ido a óbito”, afirma a irmã.

O delegado responsável diz que é muito prematuro falar em negligência neste momento. No entanto, afirma que irá buscar mais informações, como o momento exato do fato, quanto tempo demorou o atendimento, quantas ambulâncias estavam no local e qual era o público presente, entre outros dados.

“Após as oitivas, após perícia, após colhermos todas as provas desse inquérito, nós vamos decidir pelo indiciamento ou não de alguém”, aponta Vieira.

Familiares e amigos apelam, agora, que o caso seja esclarecido o quanto antes.

“A gente busca muito essa justiça para que nunca mais aconteça, porque eu acho que o que bateu muito na gente era que poderia ter acontecido com qualquer pessoa”, diz Camila.

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