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Uma das mais fortes tradições da Quaresma fez pouca gente sair da cama no feriado de Sexta-feira Santa em Alegrete.
A reportagem do Portal Alegrete Tudo percorreu dois trechos costumeiros da colheita no município entre às 6h30min até por volta das 9h e constatou muito abaixo o movimento em relação ao feriado de 2019.
Talvez a pandemia do novo coronavírus tenha freado um pouco o culto a tradição de colher macela nas primeiras horas da manhã.
Na ERS 566, foi possível ver grupos alternados, mas o movimento se mostrou tímido em meio a muito planta a beira da via.
Na BR-290, o movimento não foi diferente. Alguns carros estacionados anunciava que o local tinha macela. Um senhor de 57 anos, foi cedo buscar a planta, disse que não falha um ano. Encontrou bastante. “Tô levando para toda família. Eles estão em isolamento social. Eu não”, fala sorridente, ao levantar a bicicleta que estava jogada ao chão.
Perto dali, uma família já encerrava sua colheita. O porta-mala do carro foi cheio da planta. “A gente sempre vem. Encontramos em locais distintos, mas conseguimos”, relata o homem de 49 anos.
“É um santo remédio. Isso dá para o ano todo”, exclama um jovem de 21 anos, com um punhado de macela na mão.
Diz a tradição que a macela, ou marcela, como é comumente conhecida, deve ser colhida antes dos primeiros raios de sol tocarem a planta. Os fiéis acreditam que o orvalho que cai sobre os arbustos na Sexta-feira que antecede a Páscoa faz com que a planta seja abençoada, podendo causar até curas milagrosas. Seu chá é usado como remédio para problemas gástricos ou respiratórios.
A colheita da Macela é uma tradição que se repete ano após ano neste período. Na madrugada da Sexta-feira Santa, antes do nascer do sol, as pessoas saem em busca da Macela – erva que dá origem a um saboroso chá com propriedades medicinais – nos campos e a beira das estradas.
Em Alegrete, embora com isolamento social a tradição prevaleceu, embora não como em anos anteriores. Nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira (3), foi possível observar que algumas pessoas mantiveram a tradição no Corredor dos Papagaios, Estrada do Frigorífico e BR-290, em direção a Uruguaiana.
Esses locais são alguns onde a planta é colhida às margens da rodovia, por pessoas que chegam de bicicleta, motos e carros e até a pé foi possível encontrar pessoas mantendo a tradição da colheita.
Tradição
O porquê da tradição, ninguém sabe. O que todo mundo sabe é que é preciso colher a macela na Sexta-feira Santa logo nas primeiras horas da manhã.
Reza a lenda, que as propriedades curativas da macela somente fazem efeito se a planta for colhida na sexta-feira santa antes do sol aparecer.
A erva de nome científico Achyrocline satureioides é nativa da flora brasileira também conhecida por macela-do-campo, macelinha, macela de travesseiro, carrapichinho-de-agulha, camomila nacional e outros.
Popularmente, em algumas regiões, é incorretamente chamada de “marcela”. É um arbusto perene que atinge cerca de um metro de altura e que na região sul costuma florescer no mês de março.
As flores são amarelas, com cerca de um centímetro de diâmetro, florescendo em pequenos cachos. As folhas são finas e de cor verde-claro, meio acinzentada, que se destaca do restante da vegetação do campo.
O Chá: A desidratação da planta deve ser feita à sombra, pois os raios de sol tendem a diminuir as propriedades medicinais da macela.
Depois de secas, as flores podem ser armazenadas em vidros para serem utilizadas no preparo de chás. Propriedades: É adstringente, antiasmática, antiespasmódica, anti-inflamatório, anti-séptica, bactericida, carminativa, digestiva, sedativa, sudorífera, tônica.
Indicada para casos de azia, cálculo biliar,cólicas intestinais, diarreia, disfunções gástricas, gastrite, má digestão, Clareia os cabelos, estimula a circulação capilar, melhora pele e cabelos delicados, previne a queda de cabelo.
Júlio Cesar Santos