Profissional de saúde da equipe Covid descreve as agruras e exaustão nesta pandemia

Um ano que o reconhecimento de varias profissões ficaram acima da média.  Pois estão há mais de oito meses de forma exaustivas na linha de frente ao combate do novo coronavírus.  Dentre todas, a classe médica e os demais profissionais da rede de saúde sofrem com a pressão e com a demanda exaustiva de todos os cuidados com os pacientes.  Pois, além da linha Covid-19, todas as demais áreas de um hospital não deixaram de receber pacientes. Que a rede de saúde em muitos lugares está atingido o colapso não é segredo, são incontáveis os relatos dos profissionais da saúde orientando a população do quadro e todos os cuidados em relação ao vírus.

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Em Alegrete as médicas responsáveis pela UTI Covid,  pneumologista Simone Estivalet e a pediatra e diretora clínica da Santa Casa,  Marlene Campagnolo já fizeram inúmeros alertas falando de como o trabalho é realizado,  pedindo a compreensão e conscientização da população e, acima de tudo, expondo que a equipe também é limitada para a linha de frente do combate à Covid-19.

Um dos relatos mais recentes, é do técnico em enfermagem Daniel Santos Paz, de 28 anos. Ele está também está atuando em todas ais frentes. Com a pandemia, o profissional é  um dos trabalhadores que está se “desdobrando” entre UTI Covid, Hospital de Campanha, UPA e Gripário.

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Em seu perfil no Facebook ele fez um desabafo que serve também para mais reflexão neste período de final de ano, onde muitos não terão seus entes queridos por perto e tantos outros estarão na Santa Casa. Mas tudo passa pelo trabalho desses profissionais que são incansáveis e esquecem de si em prol do próximo.  Chegam, muitas vezes, aos limite da exaustão para salvarem vidas.

Daniel começa o texto dizendo que acha que as pessoas não estão entendendo a limitação dos profissionais da saúde nessa pandemia assustadora, mas frisa que isso é para alguns.

E segue descrevendo de forma que deixa transparente como tem sido essa rotina. ” Quando nos dizem: nossa, como você engordou ou emagreceu, você vive cansado, reclamando de dor, não se arruma mais, se largou né? Não responde mais as mensagens? E tantos outros questionamentos” – pondera.

Para Daniel, na cabeça de quem faz essas perguntas ou observações, a pessoa não imagina as incansáveis horas em pé, correndo de um leito até o outro, em segundos, porque há dois alarmes de monitores ao mesmo tempo, ou que estão correndo para preparar medicações pois o paciente simplesmente piorou. Indo ao banheiro (quando podem, muitas situações mais de seis/oito horas) e, quando conseguem com a maior pressa, pois o colega está sozinho e pode precisar de ajuda.

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E continua o relato chegando em um ponto desolador diante de tanta dedicação, como por exemplo, quando precisam “preparar” o corpo de um paciente que tanto cuidaram, mas infelizmente acabaram perdendo. Tudo é feito com o máximo de carinho que ainda resta, sabendo que àquela pessao é familiar de alguém, talvez um pai, uma mãe,  um avô,  avó,  tio, tia , irmão, irmã, esposo e esposa. E, o mais terrível,  também pode ser um familiar de qualquer um dos profissionais ou até mesmo um dos mesmos. Medicar, arrumar, relatar, alimentar, banhar entre outros cuidados, tudo é  feito. Somente depois, eles (profissionais) voltam para casa, para seus afazeres e suas famílias. É o momento, segundo Daniel, da busca de um equilíbrio para colocar o psicológico no lugar e descansar, mas, novamente enfatiza, “quando a mente deixa”.

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“Ninguém estava preparado para enfrentar uma pandemia dessas, mas nós estamos lá, continuamos lá todos os dias. Por isso, respeitem a nossa classe. Estamos dando a vida por vocês, enquanto a nossa,(vida), está sendo esquecida, largada e desvalorizada. E, diga-se de passagem, não ganhamos nada a mais para fazer isso, fazemos por amor à profissão, por vocês e pelos nossos! Que Deus nos ajude” – finalizou.

Flaviane Antolini Favero