Andrea Fogaça Monteiro e a filha Ana Carolina Monteiro estavam há 45 dias sem se encontrar. A mãe é técnica em radiologia e a filha é enfermeira, e trabalha diretamente com pacientes com coronavírus.
Mãe e filha, profissionais da saúde em Porto Alegre, estavam afastadas há 45 dias para evitar o contágio da Covid-19. Com saudade, a técnica em radiologia, Andrea Fogaça Monteiro, de 49 anos, precisou ser criativa para dar um abraço na filha, a enfermeira Ana Carolina Monteiro, de 28 anos, no domingo (19).
“Eu montei um lugar no pátio para que ela ficasse longe, mas que a gente pudesse se ver, se olhar, conversar. Quando ela disse: ‘mãe, eu vou indo’, me deu aquela sensação: ‘quando será que eu vou ver minha filha de novo?’, aí eu pedi pra ela esperar”, relata a técnica.
Andrea entrou em casa, pegou uma embalagem de plástico usada para cobrir o colchão, protegeu o corpo e abraçou a filha. A cena foi registrada pelo marido.
“Eu peguei aquele saco e me enfiei dentro dele, uma coisa de segundos. Saí para a rua e abri os braços e disse ‘me dá um abraço’, ela riu e veio e me abraçou. Eu fiquei com tanta vontade de abraçar minha filha e fiz aquilo. Tem tanta coisa que a pessoa quer às vezes, e pra mim, o mais importante naquele momento era um abraço. Tudo que eu queria era um abraço dela”, disse
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Ana Carolina atua diretamente no enfrentamento ao coronavírus no Hospital Moinhos de Vento, e Andrea trabalha com tratamento de radioterapia no Hospital Santa Rita, os dois na Capital. Como ambos locais são de risco e há uma probabilidade maior de contágio, por segurança, elas decidiram não se encontrar, nem mesmo de longe.
“Como trabalhamos em hospital, e eu moro no mesmo pátio da minha mãe, que é do grupo de risco, em casa a gente já tinha todo um cuidado. Ela tinha medo que pudesse me passar alguma coisa, e como ela não mora mais comigo, ficou ainda mais difícil de se ver”, conta Andrea.
O método usado pela mãe para se proteger foi repetido por Ana Carolina para abraçar o irmão, que não tinha contato com a irmã há mais de um mês.
Ana Carolina abraça o irmão protegido com um saco plástico. — Foto: Arquivo pessoal
Fonte: G1