Psicólogos comemoraram seu dia com muito trabalho em razão da pandemia

“A inteligência é o único meio que possuímos para dominar os nossos instintos”, Sigmund Freud. – Conhecido como o pai da psicanálise, Sigmund Freud foi o responsável pela revolução no estudo da mente humana.

Há seis meses, o Brasil está vivendo um novo normal. Já em outros países, o início da pandemia foi final de 2019, começo de 2020.

Essa nova realidade trouxe impactos na saúde mental da população. Este, inclusive, é um tema que tem sido abordado com mais frequência nas redes sociais. Em Alegrete, pesquisas do Procon revelaram o aumento de uso de antidepressivos, ansiolíticos e medicamentos associados à ansiedade. Mulheres, homens, idosos e crianças, estão sendo afetados com o isolamento social. Essa etapa tem um grande diferencial se a busca por apoio é realizada e, não somente os psiquiatras, mas os psicólogos  estão se reinventando diante da grande procura.

 

Muitos já tinham se reinventado e ofereciam auxílio de forma gratuita por whatsApp, redes sociais ou telefone.

A Covid-19 devido sua transmissão generalizada foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como uma pandemia. As consequências não se limitam à infecção e demais doenças correlatas. Considerando sua repercussão em diferentes contextos, os impactos psicossociais e econômicos podem ser incalculáveis.

Uma mente saudável é fundamental para o bem-estar de qualquer indivíduo. No dia 27 de agosto foi comemorado o dia do Psicólogo no Brasil. Quem busca o profissional  da psicologia, faz essa busca para se conhecer melhor. Assim como cuidamos da nossa alimentação, da nossa saúde física, também precisamos cuidar do nosso equilíbrio mental. Ainda mais no atual momento  que estamos vivendo, com confinamento, isolamento social, pandemia e a presença do coronavírus.

O psicólogo é um profissional capaz de entender o comportamento e funções mentais do ser humano, ajudando o indivíduo a manter uma boa saúde mental e prevenindo o desenvolvimento de doenças relacionadas à psique humana. Durante a pandemia, a procura por estes profissionais se tornou ainda maior, já que a necessidade de isolamento social e o cenário de risco desencadearam diversos tipos de transtornos mentais em muitas pessoas.

A reportagem do PAT entrevistou a psicóloga Thais Campos da Cunha Severo.

“Estamos vivendo um momento muito delicado e novo para todos. A Covid-19 está trazendo muita insegurança e medo à grande maioria da população.  Mesmo os descrentes na pandemia estão sendo obrigados a vivenciar os traumas e consequências desse período.

Escolas fechadas, em alguns momentos o comércio, bares, restaurantes, igrejas e clubes. Se não estão totalmente fechados, há restrições. Ou seja, um novo contexto, um novo modo de viver e se relacionar e por que não dizer, um novo modo até de morrer.

São máscaras diversas, topando os rostos e sorrisos, escondendo a alegria ou descontentamento.”Somos acostumados com abraços e beijos, um povo caloroso e afetivo, acolhemos o mundo em nossos braços. Hoje, somos impedidos de agir da forma como somos acostumados, estamos sendo podados em nosso comportamento habitual. Não estou dizendo que estão erradas todas essas mudanças,  bem pelo contrário, é mais que necessário estas adaptações neste momento. Mas estou mostrando como à COVID-19 nos forçou a mudar radicalmente o que nos era natural”- explicou a psicóloga.

Em isolamento ou distanciamento social, o fato é que a vida está muito diferente, convivência apenas por telas, sem o calor e o afago do outro . Além dessas dificuldades, talvez muitos não tenham parado pra pensar nas perdas de cada mãe, filho, filha, netos, esposa, esposo ao perder um ente querido, comentou.

Seja isolado em suas residências, ou no hospital, a falta do face a face, do abraço e cafuné dos familiares já afeta diretamente no processo de melhora do paciente. E falando nas perdas em si, à COVID-19 não permite mais realizar os velórios e rituais de despedidas, não é permitido a reunião, os abraços e chorar com os amigos e familiares a falta que aquela pessoa fará em suas vidas,  não podem se reunir e compartilhar as experiências e aprendizados que tiveram com a pessoa querida que se foi. Tudo, gera angustias e dores.

“Por isso, os psicólogos das instituições hospitalares tem sido de extrema importância nesse momento para auxiliarem os internos a se comunicar por vídeo com familiares, para acalmar as famílias que estão em suas casas angustiadas com a espera da recuperação e até mesmo no momento da notícia triste de que de um dia para o outro o paciente teve uma grande piora no quadro, vindo a falecer, pois o novo coronavírus, traz mais esse complicador para o luto, a piora muita rápida do quadro evoluindo para óbito em dias ou horas. Os psicólogos têm trabalhado de forma muito intensa nessa pandemia,  seja por vídeo,  ou tomando as precauções cabíveis para o momento e local onde estão trabalhando. Pois, além da problemática das perdas traumáticas dos lutos que não puderam ser vivenciados, estamos diariamente lidando com a piora nos quadros psíquicos dos nossos pacientes durante a pandemia, e o aumento de procura por atendimento de novos pacientes. A ansiedade, depressão, preocupação com o futuro,  angústia frente ao novo e a situação financeira têm trazido muito desequilíbrio emocional à população, agravantes desse momento até  bem pouco tempo inimaginável para a humanidade ”- descreveu.