Santo Antônio, a casa de carnes dominada por mulheres em todos os setores

A Casa de Carnes Santo Antônio, empresa de Silvio Gedel, destaca-se por um modelo de gestão inovador e inclusivo, que desafia convenções no setor de açougues.

A equipe, total da empresa, é quase 70% feminina, e essas mulheres não apenas dominam suas funções, mas também reconfiguram a percepção de gênero em um mercado exigente. Entre conhecimento técnico, habilidade com o cliente e determinação, elas se destacam, provando sua competência em um cenário que demanda força, precisão e resiliência.

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O trabalho das açougueiras vai além do corte e preparo das carnes; envolve conhecimento técnico, habilidade no atendimento ao cliente e uma postura que inspira confiança e eficiência. Em um ambiente onde ainda persistem preconceitos sobre o papel das mulheres, essas profissionais têm papel fundamental na desconstrução de visões ultrapassadas e na construção de uma nova referência para futuras gerações no setor.

Essas colaboradoras também conciliam as exigências do trabalho com as responsabilidades familiares, muitas vezes atuando como principais provedoras de suas famílias.

Ao entrar em qualquer uma das unidades da Casa de Carnes Santo Antônio, o cliente logo percebe a presença marcante de mulheres atendendo, liderando e realizando com maestria tarefas que há muito foram associadas ao gênero masculino. No setor de açougue, as mulheres dominam o espaço, atuando com destreza, conhecimento e uma visão aprimorada do mercado, seja no atendimento ao cliente ou no conhecimento técnico sobre carnes, cortes e preços.

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A reportagem do PAT esteve nas lojas para ouvir a história de algumas dessas mulheres, que, com determinação e resiliência, vêm reescrevendo o papel feminino no setor. Nas unidades da Assis Brasil e da Ibicuí, o orgulho das colaboradoras é evidente.

Deise Cardoso: persistência e conquista

Deise Cardoso, há quatro anos no Santo Antônio, começou no açougue com dificuldades. Nos primeiros 15 dias, sentiu vontade de desistir e chorou com a adaptação ao novo ambiente. Hoje, porém, olha para trás com orgulho, recordando o quanto aprendeu sobre cortes de carne, desde os mais comuns até os mais sofisticados. A convivência com os clientes se tornou um ponto alto de seu trabalho: “Tem aqueles que ainda ficam receosos ao ver um balcão de açougue dominado por mulheres, mas há também os que preferem comprar diretamente comigo ou com outra colega”, relata. A jornada é intensa, com 12 horas diárias, mas Deise, mãe de três filhos, diz que a experiência de ter encontrado estabilidade durante a pandemia trouxe novos propósitos: “A maior aposta foi em mim mesma”.

Claudia Simone Pereira de Lima: experiência e determinação

Na área da desossa, está Claudia Simone Pereira de Lima, de 53 anos. Com uma longa trajetória no setor, Claudia iniciou no frigorífico ainda jovem e, desde então, passou por diversas mudanças. Após a transição de administração para Sílvio Gedel, ela viu o incentivo e a valorização das mulheres crescerem na empresa. “Trabalho lado a lado com colegas homens, mas sei do meu valor e não me deixo intimidar. É gratificante estar em uma empresa que nos incentiva”, afirma Claudia, que todos os dias sai cedo de casa e vai de bicicleta para o trabalho, mantendo uma rotina dedicada e repleta de orgulho pelo que faz. Ela fala sobre o incentivo constante que recebe do gestor, Silvio. “É interessante quando duvidam da gente. É a oportunidade de mostrar que somos tão capazes quanto.”

Letícia dos Santos Machado: jovem e destemida

Letícia dos Santos, 20 anos, é a mais nova do grupo, com apenas um ano de experiência no açougue. Inicialmente contratada como caixa, Letícia vislumbrou o setor de açougue como um espaço de crescimento e desenvolvimento. Mesmo em seu dia de folga, ela compareceu à empresa para falar com a reportagem, mostrando entusiasmo e dedicação. Com uma rotina que inclui faculdade de Administração e academia, Letícia observa como ainda existem reações de surpresa dos clientes ao verem mulheres no açougue. Para ela, o trabalho traz realização e incentivo: “Eu amo o que faço e tenho sede de aprendizado. Quando a vaga surgiu, agarrei a chance”, comenta.

Janete Costa: superação e orgulho

Janete Costa, 56 anos, acumula nove anos de experiência no açougue e um histórico de superação. Natural do interior, Janete enfrentou diversos desafios para sustentar o filho, que hoje é doutor em engenharia elétrica. Ela expressa o orgulho de ver seu filho prosperar e o vê como a recompensa de seu esforço, além disso cita que o contato por telefone é diário. Janete reflete sobre a resistência enfrentada ao longo dos anos em ambientes majoritariamente masculinos, mas afirma que sempre encontrou apoio dos colegas e gestores. A trajetória dela é marcada por superações, onde enfrentou diferentes contextos de preconceito, mas nunca deixou que isso afetasse sua relação com o trabalho. “Faço o meu melhor em cada oportunidade e sempre tenho apoio.”

Tailize dos Santos Lima: acolhimento e aprendizado constante

Tailize Lima, 28 anos, ingressou na empresa em 2021 e descreve o período inicial como um desafio prazeroso. Com uma experiência prévia de atendimento ao público, Tailize destaca o ambiente acolhedor e colaborativo da empresa, além da satisfação pessoal em dominar uma nova profissão. Para ela, a presença feminina é um diferencial positivo e que agrega ao trabalho diário.

Juliana Soares Moreira: supervisão e liderança

Juliana Moreira, 33 anos, além de açougueira, exerce o papel de supervisora há quatro anos. Ela descreve sua trajetória, marcada por reflexões e autoconhecimento, e a evolução constante no aprendizado técnico e na gestão de equipe. Ao lado das colegas, ela compartilha a responsabilidade de ensinar novas integrantes e vê a progressão de cada uma delas como motivo de orgulho. Juliana tem seis anos na empresa e lidera a equipe como supervisora há quatro. Natural da Barra do Quaraí, ela encontrou o amor em Alegrete, onde se casou e formou família. “Ser supervisora foi um divisor de águas. Aprendi a ser menos dura comigo mesma e a confiar nas minhas capacidades. “Tenho orgulho em ver a evolução de todas e ser parte dessa conquista.”

Taise Chiappa Rodrigues: determinação e crescimento

Taise Rodrigues, 27 anos, trabalha há quatro anos e meio no açougue, cargo que sempre desejou. Ela reflete sobre o esforço necessário para equilibrar as demandas da casa e o trabalho de 12h. A presença feminina é um diferencial na empresa, e ela se orgulha do caminho que trilhou ao lado de colegas que compartilham de uma mesma determinação. “Sempre quis estar aqui, e agora aprendi muito com a supervisora Juliana. Tenho muito orgulho de ser açougueira e estar sempre no atendimento ao público.”

Mariele Marques Aurélio: herança e vocação

Mariele Aurélio, 28 anos, também está há quatro anos na Casa de Carnes Santo Antônio e vem de uma família de açougueiros.”Meu pai e minha mãe trabalhavam no setor, e meu irmão é açougueiro em Caxias do Sul.” Para ela, trabalhar com carne foi algo natural, e o aprendizado na empresa complementou sua afinidade pela área. A presença masculina ainda é um desafio, uma vez que alguns clientes preferem ser atendidos por homens, mas, segundo ela, isso apenas reforça a capacidade e o profissionalismo das mulheres que atuam no setor.

Chimena Marques: apoio e determinação

Chimena Marques, 32 anos, entrou no açougue há 10 meses e, embora recente, ela já identifica a importância de seu papel na equipe e na empresa. Chimena enfatiza o apoio que recebeu dos colegas e gestores e reconhece o preconceito ainda enfrentado pelas mulheres nesse setor. Contudo, destaca que o compromisso com o trabalho e a busca pelo aperfeiçoamento fazem a diferença.

Silvio Gedel, gestor da empresa, compartilhou um depoimento elogiando o papel das mulheres na equipe da Santo Antônio, destacando a sensibilidade, delicadeza e perfeição com que elas executam seu trabalho. Para ele, as açougueiras da empresa vão além da função de cortar carne; elas são verdadeiras consultoras de vendas.

Com atenção às necessidades de outras mulheres, elas sabem oferecer um atendimento de qualidade, explicando os produtos, sugerindo cardápios e até compartilhando receitas. Silvio enfatizou que, ao longo dos anos, preferiu compor sua equipe com mulheres, reconhecendo que elas cuidam dos detalhes com maestria, e o toque feminino tem sido o grande diferencial no atendimento, fazendo com que a equipe da Santo Antônio se destaque cada vez mais nos balcões.

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