
Nesse contexto, a fase imediata do pós-desastre é caracterizada pelo recuo do impacto inicial e pelo início do resgate das atividades habituais. É neste momento que podem surgir os primeiros efeitos na saúde mental, como negação, apatia, desorientação, ansiedade e medo.
Para entender melhor os desafios enfrentados pelas vítimas das enchentes, o portal Alegrete Tudo entrevistou a psicóloga Ana Cristina A. R. Tolfo, do espaço Fluir em Alegrete. Em meio ao mês de conscientização sobre saúde mental, maio também se tornou o período em que o Rio Grande do Sul enfrenta sua maior catástrofe.
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Nesta entrevista, Ana Cristina abordou questões pertinentes ao momento vivido pela região, destacando a importância do suporte psicológico para lidar com as consequências emocionais das enchentes.
Gostaria de escrever hoje sobre outras circunstâncias, mas o que ocorreu e ainda está ocorrendo em nosso estado é de peso emocional impossível de mensurar. Ainda assim, gostaria de trazer algumas ideias e palavras que podem ser úteis. Até agora, todos nós estamos focados em proporcionar às pessoas os níveis mais básicos da vida: estar em um local com menor risco, possibilidade de comer, se agasalhar, ter água potável e sobreviver, o que é exatamente o que precisa ser feito. Infelizmente, em uma catástrofe, há muitas nuances e muitas etapas, e o RS ainda está em um momento inicial, de assegurar o mínimo para a sobrevivência.
Veja a seguir a posição da profissional:
O apoio emocional ao RS é crucial neste momento. Gostaria de abordar outras circunstâncias, mas o peso emocional do que ocorreu e ainda está acontecendo no Estado é impossível de mensurar. No entanto, aqui serão compartilhadas algumas ideias e palavras que podem ser úteis.
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Até agora, todos nós nos concentramos em fornecer as necessidades mais básicas às pessoas: estar em um local com menor risco, ter comida, agasalho, água potável e sobrevivência. Infelizmente, em uma catástrofe, há muitas nuances e etapas, e o RS ainda está no estágio inicial de garantir o mínimo para a sobrevivência.
Depois de garantir a segurança e suprir as necessidades básicas, devemos nos atentar aos desdobramentos emocionais que ocorrem e continuarão a ocorrer. Lutos de várias formas, luto pelas perdas de casa, familiares, amigos, animais de estimação, privacidade, investimento de uma vida, identidade, a perda da vida como era conhecida… Tudo isso, ligado aos momentos de intenso medo que muitos experimentaram, é esperado que cause alterações emocionais. Como seres humanos, somos sensíveis ao que acontece ao nosso redor, e essas alterações podem se manifestar como dificuldades para dormir, ansiedade, apatia e tristeza.
Muitas dessas alterações tenderão a amenizar à medida que as coisas começarem a se reorganizar, mas este é um período estressante para todos nós, embora em graus diferentes: mais intenso para aqueles que vivenciaram a situação diretamente e menos intenso para aqueles que não foram afetados diretamente, mas estão acompanhando. Este momento rompeu com a rotina e a sensação de continuidade normal da vida para todos nós. Portanto, neste momento, é importante oferecer acolhimento, escuta e reforçar ideias de segurança.
Aqui estão algumas dicas para aqueles que estão próximos ou distantes das vidas afetadas:
Evite fornecer explicações detalhadas sobre as situações vividas por pessoas diretamente afetadas. Lembrar pode reavivar o estado emocional traumático. No momento, é essencial fazer a pessoa se sentir segura.
Se alguém precisar falar sobre o que viveu, apenas ouça. Não minimize seus sentimentos com frases como “não foi tão ruim assim” ou “pare de falar sobre isso”. No momento adequado, convide-os a pensar em ideias de segurança e ajude-os a compreender os próximos passos.
Reforce a sensação de segurança, destacando que a pessoa está segura agora e que há pessoas trabalhando e dispostas a ajudá-la.
Pergunte e ajude a identificar as necessidades mais urgentes da pessoa e auxilie na busca por soluções para essas necessidades.
Se perceber alterações graves, como extrema apatia, ideação suicida ou desconexão da realidade, encaminhe a pessoa para profissionais de saúde para receber atendimento.
Limite a exposição a imagens fortes na mídia ou na TV. Concentre-se em fornecer informações úteis.
Converse com crianças e adolescentes sobre o que está acontecendo de forma adequada à idade deles, reforçando ideias de segurança.
Faça o que estiver ao seu alcance! Muitos de nós estamos angustiados, e direcionar energia para ajudar pode ajudar a aliviar essa angústia.
Além das necessidades básicas, doe brinquedos, jogos, baralhos e tempo para conversar, entreter e ouvir.
Ainda há muito a ser feito. Continue doando e oferecendo ajuda dentro das suas possibilidades. Outras etapas virão com suas próprias necessidades. Por enquanto, o foco deve ser em garantir a sobrevivência e a humanização para todos os afetados e para aqueles ao nosso redor.