Sivens Carvalho fala sobre a importância da permanente reflexão sobre consciência negra

O Dia da Consciência Negra é comemorado em todo território nacional. Esta data foi escolhida por ter sido o dia da morte do líder negro Zumbi, que lutou contra a escravidão no nordeste.

Sivens Carvalho, integrante do Centro de Cultura Afro Maria Terezinha dos Santos Leal, fala sobre a importância desse dia e a mobilização permanente em defesa dos direitos dos negros no Brasil e aqui em Alegrete.

“De repente em todo o mundo eclode atos de racismo e violência contra os negros de forma repugnante, inaceitáveis, atesta.”-disse.

 

O 20 de novembro dia da Consciência Negra

Remete a reflexão da origem e da história dos negros no Brasil e no Mundo, sobre a cultura afro-brasileira e sua marcante influência nos usos e costumes hoje patenteados como cultura brasileira.
Sivens Carvalho lembra que o dia é para refletir  sobre o papel da comunidade negra que representa hoje 54% da população brasileira responsável na construção efetiva deste país.
E quando confrontados os dados não os vemos refletidos na economia, na qualidade de vida, no acesso aos postos de trabalhos e nos maiores salários ou cargos de chefia.
Ele lembra que  temos, por exemplo, apenas 18% de juízes e promotores negros e pardos enquanto a população carcerária gira em torno de 78%.

Uma pedagoga devotada ao voluntariado no Centro de Equoterapia

-Quando se fala de Consciência Negra está se falando de uma entidade de múltiplas faces – política, identitária, cultural, religiosa e humanitária, é uma discussão que é fundamental para todos não apenas a população afro-brasileira, mas para todos porque ela nos ensina uma forma de convivência de respeito ao outro, de conhecimento do outro que quase sempre não fez parte da história deste país que é marcada por profundas desigualdades, por claras injustiças históricas, e pela exclusão de boa parte desta população nos espaços de poder de representação ao longo desta história.
Então, para  Carvalho falar de Consciência Negra não é falar apenas de demandas, mas de reconhecimento sobre a cultura e da importância do negro na constituição da nação brasileira ao longo de sua história.
Pondera o advogado, que um dos principais debates que devemos ter hoje em dia sobre a dívida histórica com a população afro-brasileira é sobre as ações afirmativas, sobre as políticas de reparação, ou sobre a reparação histórica, é o quanto nós avançamos pouco neste sentido.

Morreu padre Holmes, um grande líder espiritual
Este é um debate que não acontece apenas no Brasil, é um debate que acontece há muito tempo nos Estados Unidos, por exemplo.
Diz  que nas atividades, pelo mundo, as políticas de reparação estão também em outras sociedades como na África do sul, pós apartheid, portanto as políticas de reparação ou a ideia de uma dívida histórica têm que ser trabalhadas de maneira mais contundente pela nossa sociedade e pelos espaços de poder no Brasil.
O integrante  do Centro Afro Brasileiro, Terezinha Leal, diz que o RH de determinadas empresas é tão opressor quanto a polícia quando se trata de selecionar o cidadão negro ou na abordagem policial. E isto é tão constrangedor. É constrangedor você ser seguido no supermercado pela segurança. Constrangedor quando você erra e a gente erra também, e recebe a sentença do “só podia ser negrão” ou “tinha que fazer negrice”, salienta.

Vitórias sobre o coronavírus deixam marcas e ensinamentos nas famílias

– Deveria ser constrangedor a cada um ser humano saber que um próximo é espancado até a morte em virtude da cor de sua pele. Deveria ser constrangedor ao mundo esta involução do homem a sua primitividade.
Eu não quero privilégios, eu quero é respeito e que meus irmãos negros, pardos, indígenas, mulheres, LGBTs, da crença ou ideologia que for, sejam tratados de forma equânime, caso contrário evoluímos na tecnologia, mas retrocedemos na nossa humanidade ou divina condição de sermos a imagem e semelhança de Deus e se Deus é amor, devemos e podemos refletir para evoluir.

#vidasnegrasimportam

Colaboração Sivens Carvalho