Soluços, inicialmente inofensivos, foram o começo de uma drástica mudança para sempre na vida de Flávia

Com pautas bem diversificadas que abordam desde as mazelas do cotidiano, assuntos de interesse da comunidade,  política, segurança entre outros.  Uma das diretrizes do Alegrete Tudo sempre foi mostrar para os leitores que as histórias de vida das pessoas têm sempre nuances muito peculiares,  dentre elas a superação,  garra e fé.

São relatos que sempre deixam uma grande lição, encorajamento, inspirações e, por vezes, auxiliam tantas outras famílias que passam por situações semelhantes. Em mais uma história, a determinação, a fé e a esperança fazem parte da superação de um tumor identificado no tronco cerebral.

 

A entrevistada que fez uma linda resenha, foi a alegretense Flávia Tassinari, hoje com 33 anos.

Flávia comenta que há três anos ela passou a ter soluços. Até aí parecia algo “comum”, mas o quadro foi piorando. Nesse período,  procurou vários médicos, mas não conseguia saber o motivo dos soluços, não tinha um diagnóstico. Porém, a gravidade do problema de saúde a deixou fraca, pois não conseguia comer, foi quando um dos médicos solicitou uma ressonância e o tumor no tronco cerebral foi identificado.

Com o diagnóstico, Flávia realizou a cirurgia em São Gabriel no dia 17/12/18. O procedimento foi um sucesso, mas ela acordou com muitas sequelas e a recuperação muito lenta. Após a biópisia, o alívio, foi constatado que o tumor era benigno e com isso não era necessário terapias como rádio e quimio. Entretanto, diante das sequelas que ainda tem, precisa realizar tratamento contínuo para minimizá-las. Neste dia 17, em mais um “aniversário” do dia da cirurgia, como gratidão a tudo que superou e está superando, Flávia fez o seguinte texto.

17 de dezembro….
Hoje não é meu aniversário de nascimento, mas sim, do dia em que Deus me deu uma segunda chance de viver, certamente com um propósito reservado pra mim.

Dois anos separam essas fotos e posso dizer que a minha vida foi dividida em duas partes: antes e depois da cirurgia – pontua.

Flavia segue dizendo que ainda não está 100%,  ela continua com seus meus medos, desconfortos e limitações, mas precisa conviver com tudo. Pois entendeu que precisa aceitar, porém jamais desistir da contínua busca de melhoras.

“Eu nunca fui uma pessoa de reclamar muito da vida, entretanto, antes era um pouco pessimista. Hoje, reclamo menos e vivo na positividade e esperança de que no fim, tudo vai dar certo. Penso na grandiosidade dos detalhes, como o simples fato de falar, de enxergar, olhar na janela e ver as cores, as paisagens, as pessoas… o simples fato de andar, de me movimentar e ter forças pra ficar em pé. Além da simplicidade de fechar os olhos e ver o escuro, poder dormir e descansar. Conseguir comer, beber água e, até mesmo, engolir a própria saliva. Saber que hoje, eu tenho a sensibilidade do corpo, consigo respirar (sem auxílio de um aparelho) e, acima de tudo, o simples fato de estar viva!” – conclui a descrição.

 

Em ato contínuo, Flavia também faz a observação que são coisas, como  evidenciou bem- simples- mas que muitos de nós não paramos para agradecer e só percebemos da importância de cada coisa quando o destino impõe alguma travessura e mostra a grandiosidade de tudo que automaticamente é usufruído, mas de forma muito “mecânica”.

“Baseadas nessas situações, nas dificuldades aprendemos a ser gratos pela saúde e pelo que temos, e não falo de coisas materiais, embora isso também seja importante, mas falo de coisas que vão além. Nenhum dinheiro pagaria todo o apoio e carinho que recebi da minha família, dos amigos, dos profissionais de saúde que passaram por mim, dos anjos disfarçados de gente que tanto contribuíram para que as coisas acontecessem rapidamente e da melhor forma possível. Não caberia aqui,  eu citar nomes, ou tudo que fizeram, mas eu agradeço imensamente a ajuda, acolhimento, preocupação, orações, mensagens, ligações, visitas, cartas, áudios, vídeos, recepção. Sinto-me feliz por ser infinitamente rica daquilo que o dinheiro não compra, de me sentir amada, isso não tem preço.” – destaca.

Flavia cita que guarda todos os momentos e detalhes, desta trajetória, pois o amor que recebeu foi essencial para ter vontade de viver e vencer. Pois, no decorrer da jornada reconhece que fraquejou muitas vezes, e pede perdão a Deus por isso, pela momentânea falta de fé. Embora não tenha conseguido em todos os momentos, sempre tentou sorrir.

17 de dezembro, esse dia, é muito alegre pra ela, dia que celebra Deus, a vida, a saúde, a família abençoada, os velhos amigos e os novos amigos que fez no decorrer dessa etapa.

 

“Celebro todos que colaboraram e colaboram com a minha trajetória, as pessoas que tanto ajudaram pra eu passar por tudo isso. Celebro as oportunidades de amadurecimento e aprendizado que tenho desde então. Só sinto muito pelos maus e tristes momentos que as pessoas tiveram que passar comigo. Mas, nada é em vão nessa vida, às vezes, coisas ruins acontecem para que futuramente coisas boas possam vir! Tudo é questão de saber enxergar. Em muitos momentos o fundo do poço te ensina coisas que o alto da montanha jamais te ensinará e sou grata por ter passado por tanta coisa e ter tido a compreensão de aprender lições importantes” – observa.

 

A alegretense encerra dizendo que hoje entende que tudo que passou, embora, não tenha sido fácil, foi necessário para mudar sua vida e fazê-la crescer como pessoa. “Então, vamos viver mais, reclamar menos, dar valor ao que realmente importa e agradecer a Deus pelo que temos, se as coisas não vão bem, aprenda com elas e entenda que tudo tem propósito, mesmo que não pareça justo aos nossos olhos. Não sei o que o futuro me reserva, nem sei do amanhã, estou vivendo um dia por vez, aproveitando a dádiva de estar viva, de poder estar perto daqueles que eu amo e, mesmo que nem tudo esteja perfeito, está como deve estar e eu tenho fé que as coisas só tendem a melhorar ainda mais” – encerrou.