Suspeito de pedofilia é indiciado pela polícia em Santana do Livramento: ‘Predador sexual’, diz delegada

Homem de 53 anos foi preso preventivamente em novembro do ano passado e pode pegar até 180 anos de prisão. Polícia Civil identificou 10 vítimas que sofreram abusos nos últimos 15 anos.

Um homem de 53 anos, preso em novembro do ano passado em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, por suspeita de pedofilia, foi indiciado na quarta-feira (15) pela Polícia Civil. De acordo com a delegada Ana Tarouco, foram identificadas pelo menos 10 vítimas de crimes como exploração sexual, atentado violento ao pudor, ameaça e constrangimento.

“Um predador sexual que atuou nos últimos 15 anos”, resume a delegada.

A polícia estima que, pelo somatório dos crimes, ele pode ser condenado a até 180 anos de prisão. Segundo o Ministério Público, o processo ainda não chegou ao Poder Judiciário.

Preso em flagrante, ele teve a prisão revertida para preventiva pela Justiça. A delegada afirma que fez um novo pedido para mantê-lo detido.

“Temos a percepção de que tem mais vítimas, até porque alguns dos meninos que foram identificados ficaram com receio de depor. Os adolescentes que tinham 16, 17 anos, hoje têm 20, 30 anos, estão casados, com filhos. Analisando o depoimento e o restante das provas, dá para ver que sonegaram algumas informações. Mas, a despeito disso, 10 confirmaram com riqueza de detalhes”, afirma a delegada.

Conforme as testemunhas, ele não era funcionário das escolas, mas tinham amplo acesso aos locais para promover eventos culturais.

Ela diz que foram encontrados na casa do suspeito diversos materiais, entre conversas de texto, fotos e vídeos, que comprovam aliciamento sexual. De acordo com a delegada, ele usava as atividades da gincana como argumento para convidá-los a sua residência e avançar de uma conversa mais suave para abusos.

A delegada ressalta que, mesmo com intervalo de 15 anos entre o primeiro e o último caso identificado pela polícia, a maneira de se aproximar e manter a relação com os adolescentes era a mesma.

“Pontuamos para o Poder Judiciário da verossimilhança do modus operandi. Não mudou em 15 anos. Ele se vale do mesmo linguajar”, diz Ana.

“Um deles, o de 2004, chorou e disse uma frase que nos marcou: ‘Na minha época, não tive minha justiça, mas fico feliz que outros não passarão pelo que passei’. Sensação de dever cumprido”, conclui a delegada.

A polícia encaminhou, também, uma recomendação à coordenadoria regional de educação sobre cuidados com a aproximação entre possíveis aliciadores e as crianças e jovens. Para a delegada, os estudantes são vítimas, e precisam ser orientados pelas famílias e pelos professores sobre o assunto.

“Eram adolescentes de uma situação econômica que se permitiam vender por R$ 50. Outros não são de baixa renda, mas que referiam que era alguém tão próximo que não enxergavam ele como uma ameaça. Quando começou, porque foi mais leve, nem se percebeu que estavam em um contexto de abuso”, alerta.

Fonte: G1