‘Tentaram me matar, e erraram’, diz empresário que seria alvo de execução que culminou em morte, em Porto Alegre

Jair Silveira de Almeida foi executado a tiros na noite de quinta-feira (31) no bairro Anchieta. Segundo a polícia, ele estava no carro do sócio, que havia denunciado esquema fraudulento de remédios.

O ataque a tiros que culminou com a morte de Jair Silveira de Almeida, 53 anos, na noite desta quinta-feira (31), no bairro Anchieta, em Porto Alegre, não tinha o empresário como alvo. Segundo a Polícia Civil, os atiradores tentavam executar o sócio dele, responsável pela denúncia de uma fraude de medicamentos.

“Tentaram me matar, e erraram o alvo”, diz o empresário, cujo nome não será revelado.

Ele contou à RBS TV que vinha recebendo ameaças de morte.

“Há dois meses, recebi mensagens veladas, que estavam angariando pessoas para cometer o homicídio”, revela. “Estava em casa. Quando recebi a notícia, não acreditei. Achamos que era um assalto. Depois, pela quantidade de tiros, vimos que era execução.”

Ontem à noite, por volta das 21h, as câmeras de segurança da Avenida das Indústrias captaram o momento que os atiradores atacaram o carro que ele costuma usar todos os dias para ir pra casa.

O empresário Jair Silveira de Almeida, que estava sozinho, chegou a ser socorrido, mas não resistiu.

“Ele era uma pessoa mil. Tudo que eu construí foi ao lado dele. Só quero que seja feita justiça. Não quero nada que não seja dentro dos padrões legais”, diz empresário sobre colega morto.

“O proprietário do veículo [é] que seria o alvo, não a pessoa que teria pego o veículo emprestado”, diz o delegado Cassiano Cabral, da 3ª Delegacia de Polícia. “O fato de estar com o veículo foi uma eventualidade que ocasionou sua morte.”

Logo depois do crime a polícia entrou em ação e conseguiu prender um dos suspeitos. Também foram apreendidos veículos, toucas-ninja e duas pistolas. Elas são do mesmo calibre da arma que matou matou Jair.

Armas foram apreendidas na casa em que o suspeito foi preso — Foto: Divulgação/BM

Armas foram apreendidas na casa em que o suspeito foi preso — Foto: Divulgação/BM

Fraude foi revelada pelo GDI

Uma reportagem do Grupo de Investigação (GDI) da RBS, em janeiro de 2018, revelou que uma organização vendia suplementos com fosfoetanolamina que não continham a substância. A pedido do GDI, a Unicamp analisou pílulas que eram vendidas pela internet e constatou que, dentro delas, só tinha farinha.

O suspeito da fraude teve a prisão decretada, mas, antes de ser preso, conseguiu transferir o caso para a Justiça Federal. Segundo o empresário que seria alvo dos criminosos, as ameaças tentavam forçar seu silêncio no caso.

“Sou uma das únicas testemunhas de um crime de falsificação de medicamentos. Seria para me calar como testemunha.”

Carro em que empresário estava foi alvejado por diversos disparos — Foto: Reprodução/RBS TV

Carro em que empresário estava foi alvejado por diversos disparos — Foto: Reprodução/RBS TV

A polícia ainda faz diligências e aguarda o resultado dos laudos periciais para confirmar a autoria do crime.

“[O suspeito preso tem] muitos antecedentes [por] tráfico, assalto a banco. Histórico criminal recheado e muita experiência. Pela análise das imagens, se percebe uma ação bastante rápida”, avalia o delegado Cassiano. “Precisamos vincular se foi contratado ou se tem alguma situação pretérita.”

Fonte: G1