‘Teve carinho e amor por onde passou’, diz companheiro de professor e artista morto por Covid-19 em Porto Alegre

Iran Marcon, 42 anos, morreu no início desta semana. Ele recebeu diversas homenagens nas redes sociais dos grupos e locais onde trabalhou e lecionou.

A morte do professor e artista Iran Molina Marcon por Covid-19, aos 42 anos, em Porto Alegre, na última segunda-feira (6), causou comoção nas redes sociais.

“Fantástico perceber que a existência do Iran foi muito linda, muito iluminada. Me fez ter certeza que a trajetória dele foi muito linda, ele viveu muito bem, teve carinho e amor por onde passou. Tá explícito em todas as homenagens, e não foram poucas. É o que dá força neste momento”, conta ao G1 o namorado de Iran, o ator Felipe Evangelista Rocha, 35 anos.

Segundo Felipe, Iran deu entrada na Santa Casa no dia 17 de junho, com febre alta. Desde o primeiro dia, foi para a UTI. A confirmação do exame para coronavírus veio no dia seguinte.

Ele tinha histórico de imunodeficiência, pois o professor havia tratado um câncer há sete anos. O G1 entrou em contato com o hospital, que não deu retorno sobre o caso de Iran até a publicação desta matéria.

Sem velório, Felipe e a mãe de Iran, Ottilia Molina, lidam com a dor da perda repentina. “Para mim, perder uma alma gêmea, que é o que somos, é muito cruel, pois você imagina uma vida longa ao lado da pessoa e nunca pensa em morte”, relata o companheiro, cujo relacionamento com Iran já durava sete anos.

Iran com a mãe, Ottilia — Foto: Arquivo pessoal

Iran com a mãe, Ottilia — Foto: Arquivo pessoal

Apaixonado por moda

Formado em moda, Iran iniciou sua carreira como vitrinista. “Naquela época, vitrine era uma arte. Eram instalações, praticamente”, diz Felipe.

Também foi palestrante e professor de moda, lecionando em cadeiras como moda, desenho e história da moda.

“Ele tinha o poder da comunicação. Podia estar dando receita de miojo, mas ia fazer isso muito bem”, comenta o companheiro.

Atualmente, trabalhava em uma empresa de cursos em Bento Gonçalves, que, após um período sem atividades, estava em funcionamento. Segundo Felipe, Iran ia diariamente à serra gaúcha para trabalhar.

“Ele acreditava na moda como expressão de arte do ser humano, das suas qualidades e de colocar isso no seu corpo”, comenta.

Iran também fazia apresentações de dança, teatro e música, nos teatros e bares da cidade. “Interagia com o público. Ele era um artista muito visceral em tudo que ele fazia. Encantava por onde passava”, afirma Felipe, que chegou a dividir o palco com o companheiro.

A morte de Iran foi confirmada pela prefeitura de Porto Alegre e foi incluída no levantamento estadual desta quarta-feira (8).

Iran e Felipe — Foto: Anna Berthier

Iran e Felipe — Foto: Anna Berthier