A viagem de três artesãos que estavam, de passagem em Alegrete e precisavam de uma caixa para transportar Àthila, uma Pit Bull de 4 anos, está repleta de significados. Na última sexta-feira(28), eles passaram pela Ong Opaa entre outros locais na busca da doação de uma caixa para transportar a cachorra. Inicialmente, a solicitação era até às 17h, horário do ônibus, que eles iriam embarcar com destino a Rosário do Sul. Mas isso não foi possível, entretanto, o trio teve uma grande surpresa. No final da tarde, o empresário Sérgio Bevilaqua, que já tinha auxiliado com alimento, ao meio-dia, conseguiu a caixa com a doação dos integrantes da Ong Conexão Animal e os levou em um carro de sua propriedade até Rosário do Sul para que eles pudessem seguir viagem.
A felicidade estampada no rosto de cada um, não há valor possível que possa mensurar. Salvador, 35, de Porto Seguro, na Bahia; Antônio Barbosa, 36, de Guarapari e Raymundo Rafael Calmet Cajá, 29, de Callao no Peru.
Inicialmente foi repassada a informação de que todos eram peruanos, mas apenas Raymundo, proprietário da Pit Bull Áthila de 4 anos e oito meses é do Peru. O trio viaja o mundo e se a cachorra não puder ir, eles também não vão. Foi com a simpatia e a sinceridade que eles conquistaram o respeito do empresário que não mediu esforços para ajudá-los. Sérgio Bevilaqua, já demonstrou o quanto é generoso em uma ação realizada na última semana em prol de toda população, quando conseguiu junto à classe empresarial angariar o valor necessário para o conserto da ambulância do Samu.
No início da noite de ontem, embora o cansaço do dia de trabalho, as preocupações e todos os afazeres que ainda teria que realizar, o empresário mais uma vez, demonstrou que a solidariedade e fazer o bem é um legado. Ele, que já falou um pouco de sua origem humilde e de todas as etapas que teve que enfrentar para adquirir suas lojas, se disponibilizou e colocou o trio em uma caminhonete com a cachorra e os levou até Rosário do Sul. Todos os custos por sua conta.
Sérgio que tem 18 funcionários, família, empresa entre outras atividades disse que não conseguiu ficar indiferente ao saber da necessidade dos artesãos que estavam em busca de uma oportunidade de trabalho, neste período de ano, devido ao grande movimento de férias. Eles estão indo até São Paulo e depois vão para Bahia.
Um pouco da história do trio
A ideia de Raymundo é difundir características da raça, o Pit Bull somente vai ser um animal raivoso e apresentar perigo se ele tiver esse condicionamento do dono, ele é um reflexo do ambiente que convive. Se der amor, ele vai retribuir. Por esse motivo, o peruano não abre mão da sua dócil companheira. Raymundo disse que há alguns anos sofreu um grave acidente de carro e ficou com os movimento limitados, e foi durante a fisioterapia que pensou em fazer um esporte. O surf foi uma das opções e com ele, também, veio a paixão pelos Pit Bulls. Desde então, ele já realizou várias especializações para compreender a raça e adestrar.
Há quatro anos, Áthila viaja com ele e os parceiros pelo mundo, até aqui: Chile, Bolívia, Argentina e Brasil. Em todos os locais em que eles passam, são bem acolhidos e, segundo o trio, conseguem passar a mensagem de paz, amor e conhecimento do animal. “Já me ofereceram mais de mil reais pela Áthila, mas as pessoas não conseguem entender que não é o valor em espécie, e sim, o amor que tenho por ela, isso é o mais importante. Não há preço no mundo que possa compensar a necessidade dela na minha vida e eu na dela” – falou.
Eles foram furtados na Argentina. Dentre as mochilas estava a caixa da Athila. Raymundo agradeceu o gesto e disse que ele e os amigos serão para sempre gratos ao empresário. Essa foi a primeira vez do trio em Alegrete.
Flaviane Antolini Favero