Um alegretense atemporal que não dispensa a mala de garupa

A mala de garupa que fez parte da indumentária gaúcha e começou a ser confeccionada pelas índias das reduções guaraníticas, na segunda década do século XVII, atualmente é um acessório da indumentária que faz parte da memória do povo do RS.

Há mais de 40 anos, os gaúchos que viviam na área rural em várias localidades do estado, usavam a mala de garupa que era colocada sobre o lombo do cavalo para carregar pertences pessoais, os chamados peçuelos ou alimentos que compravam nos antigos bolichos de campanha. 

O alegretense Luis Gustavo Moura, com a pilcha tradicional dos gaúchos mora na localidade do Caverá, interior de Alegrete. Ele diz que sempre usou a mala de garupa como se fosse uma mochila tradicional, em que quando vem a cidade a utiliza para colocar suas compras. O aposentado de 64 anos comenta que é um hábito usar a mala de garupa que, na verdade em pessoas, é carregada nos ombros. Essa pratica chama atenção e pessoas de outros locais que querem tirar foto com ele, comentou Luis.

O aposentado mostra a utilidade da mala em tecido resistente e que tem símbolos gaúchos. E nessa mala não faltou a farinha de pão, a erva mate, dentre outros alimentos que ele estava levando para casa. Essa é uma prática, diz o idoso, que vem de pai para filho -Sempre que faço compras busco colocar o máximo que couber dentro da minha mala.

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No calçadão, de Alegrete pilchado e com sua mala estava acompanhado da filha Jeniffer.

A mala, propriamente dita, era confeccionada em pano grosso tecido pelas índias das reduções guaraníticas, desde a segunda década do século XVII. Na mala ancestral ficavam os avios de fumar (palha, canivete, rolos de fumo) e de matear: bomba, um punhado de erva mate e a cuia pequena de matear solito. Para os aficionados, o gengibre e o rapé. Também um naco de charque e algo de sal de cozinha, que era precioso pros assados e ferimentos. O gaudério mestiço que vagueava pelas planícies adotou-a, e, apeado do cavalo, andava a pé com o utensílio à espalda, deitada sobre o ombro, na lida primitiva e nos bolichos de campanha (pulperias), canchas de carreira, bailes de ramada, fandangos, etc. O “gautchê” – nome dado ao andarilho que vagueava pelos campos à busca de caça para comer e que ia de estância em estância procurando algo pra fazer (changa) e ganhar uns trocos e se alimentar e vestir – guardava os seus pertences de uso diário naqueles pessuelos de pano. Posteriormente, o colonizador proletário, português e espanhol, por sua praticidade, também a adotou.

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A mala de garupa era usada para levar mantimentos e outros objetos, como fumo, bomba, cuia e chimarrão, em viagens longas a cavalo.  Materiais semelhantes à mala de garupa são encontrados em outras culturas, onde também era necessário carregar coisas sobre o cavalo. 

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