Um gigante da Marquês da Sapucaí passou por Alegrete

Na sacada do tradicional Clube Caixeiral, o vento frio da fronteira oeste soprou em sintonia com um dos maiores nomes da música carnavalesca do Brasil.

Em uma tarde de sábado memorável, a cidade de Alegrete recebeu não apenas um intérprete, mas uma lenda viva do samba: Ito Melodia. A entrevista conduzida por Jucelino Medeiros – radialista, diretor e proprietário da Rádio Nativa FM e do portal Alegrete Tudo – extrapolou o ato de registrar um depoimento. Foi um marco. Uma celebração da cultura, da emoção e da memória afetiva que permeia o samba brasileiro.

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Essa entrevista, que antecedeu a grande noite de comemoração do aniversário da Escola de Samba Rosas de Ouro, se revelou uma peça documental de inestimável valor histórico e cultural para a região. Ito Melodia, com sua voz marcada por um timbre singular, emocionou ao abrir o coração sobre a carreira, a família e o legado de seu pai, o eterno Aroldo Melodia.

“Não aceito ser comparado com meu pai. Ele é único”, declarou com firmeza e humildade, enquanto olhares atentos e emocionados acompanhavam suas palavras. A fala não foi apenas um tributo familiar, mas um gesto de respeito a uma linhagem que moldou a sonoridade do carnaval carioca.

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Durante a entrevista, Ito revisitou conquistas e desafios. Mencionou, com brilho nos olhos, o quinto prêmio de melhor intérprete o que garantiu o Estandarte de Ouro – a maior honraria do samba –, conquistado este ano pela Unidos da Tijuca, coroando um ciclo de 23 carnavais como puxador. E ainda que o ano tenha sido o “derradeiro” para Neguinho da Beija-Flor, ele se declarou pronto para encarar o desafio: “Carnaval é superação, é entrega. Só vencemos com paz, disciplina, boa alimentação e foco total.”

Na intimidade do relato, surgiu um homem dedicado à sua arte e ao silêncio necessário antes do espetáculo. “Minha voz é sagrada. No dia do desfile, falo apenas com minha esposa Maria do Carmo. Ela é a mulher da minha vida, é minha âncora, junto da nossa filha.” Disse com serenidade, revelando o sagrado que existe entre o artista e seu ritual pessoal.

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Ito também celebrou sua presença no “baita chão” da fronteira. Declarou seu carinho pelo frio diferente, pelas pessoas calorosas e pela alegria de cantar no sul do país. “Estar em Alegrete, ver o povo valorizando o samba, me emociona profundamente.” Na sacada do Caixeiral, seu canto ressoou sem microfone, numa capela reverente ao pai. Sambas como De Bar em Bar e O Que Será (1979) deram espaço à canção que compôs especialmente: Amor de Pai. “Quem tem seu pai, valorize, abrace, diga que ama enquanto há tempo.”

Na conclusão da entrevista, usou o bordão do pai com um sorriso: “Segura a marimba!” E seguramos. A marimba da emoção, da memória coletiva, da história pulsante de um homem que trilhou o próprio caminho, sem esquecer de onde veio.

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A entrevista realizada por Jucelino Medeiros não foi apenas mais um registro jornalístico. Foi um ato de escuta atenta e reverência ao samba. Jucelino, que há décadas valoriza a cultura local e nacional com seriedade e paixão, imprimiu no diálogo a importância de olhar para o artista como patrimônio vivo. Ao escolher a sacada do Clube Caixeiral, cercado por história, fez do espaço um palco simbólico entre passado e presente.

Nem todos se deram conta da dimensão do momento: Alegrete recebeu um pentacampeão do Estandarte de Ouro, ao lado de nomes como Jamelão e Neguinho da Beija-Flor. Um feito raro e digno de ser relido, revisto, revivido. Uma conquista da Rosas de Ouro, mas também da cidade que soube reconhecer a grandeza de Ito e a sensibilidade jornalística de Jucelino.

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Num tempo de superficialidade e consumo rápido, essa entrevista é um convite à escuta profunda. Uma narrativa que não cansa. Que toca a alma como o próprio samba que Ito representa. Um conteúdo para guardar, partilhar e revisitar, como se faz com os grandes clássicos.

Ito Melodia não apenas cantou. Ele eternizou. E Jucelino captou isso.

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