Uma pedagoga devotada ao voluntariado no Centro de Equoterapia

Aos 47 anos, 13 deles voltados ao voluntariado, a alegretense Sibele Pinto Saldanha, dedica grande parte do seu tempo ao Centro de Equoterapia de Alegrete. Filha de Ema Pinto Saldanha e Waldemar Fernandes Saldanha, ela respira o CEAL como profissional do ramo de Educação Física e Pedagogia

A alegretense se especializou no curso de instrutor de equitação para Equoterapia em 2010, na ANDE BRASIL-em Brasília. Concluiu o curso de Educação Física na Urcamp Alegrete em 2007, mesmo ano que ingressou no CEAL.

No ano passado, ela concluiu graduação no curso de Pedagogia pela Uniasselvi. Iniciou  atividades no Centro de Equoterapia, com trabalho de voluntariado, junto à equipe na área da educação física. Em 2008, já foi convidada para fazer parte da equipe multidisciplinar do CEAL, onde assumiu a turma de pré-equitação.

O Portal Alegrete Tudo conversou com a profissional e traz aos leitores uma entrevista com a voluntária do CEAL. Confira os principais trechos da entrevista:

Portal: Como é tua rotina no Centro de Equoterapia ?

A rotina da equoterapia é as terças e quintas -feiras. No centro hípico chego e faço vistoria nos cavalos, escolho a encilha e, após, a acolhida aos praticantes para a montaria.

Portal: Isso tudo exige disciplina e muito gosto pelo que faz. Como foi tua inserção no CEAL ?

A inserção na equoterapia  foi um convite de uma colega de educação física, em 2007, para ser voluntária junto ao grupo.

Portal: São muitas vivências nesta década. Qual a maior lição que tu tens como voluntária até aqui ?

Ser voluntário é um ato de doação, você começa a viver o mundo e ver a vida de outra maneira, e que seus problemas são mínimos diante do grupo, a maior lição foi ver um praticante chegar de cadeira de roda, e após tratamento vê-lo a sair caminhando. Foi pura superação.

Portal: O teu trabalho é dotado de parcerias. Que ponto tu destacarias para implementar na equoterapia em 2021 ?

Em 2021, precisamos de mais divulgação para saberem da importância desta terapia complementar, somos uma ONG, sem fins lucrativos, temos parcerias e colaboradores para suprir os gastos com medicamento e   despesas mensais.

Portal: O trabalho com crianças, com algumas limitações e cuidados especiais exige uma atenção redobrada. Em média quantos alunos tu atendes?

Eu atendo crianças e adultos. A segurança recomenda de 6 a 8 no dia, buscando o objetivo de cada um, pois todo praticante ao iniciar a terapia deve ter o encaminhando de um neurologista, pois a equoterapia tem indicações e contra-indicações, estes são avaliados pela equipe multidisciplinar, e depois encaminhando para uma das profissionais.

Portal: A pandemia frustrou muitos planos e ações. Especificamente no teu trabalho o que afetou. Como está trabalhando ?

O reflexo da pandemia no Ceal foi de grande proporção, pois o atendimento é muito importante na vida dos praticantes e da família. A rotina foi  quebrada, tanto no aspecto social e da reabilitação física, pois há um vínculo afetivo no grupo junto às mães.

Portal: Qual a importância do CEAL na vida das pessoas que usam o Centro ?

A equoterapia traz maior qualidade de vida ao praticante, pessoas portadores de necessidades especiais diversas ou com deficiências têm conseguido melhorar a qualidade de vida com a equoterapia.

Portal: Um momento marcante nesses 13 anos de equoterapia ?

Tive muitos. Ver o sorriso de cada praticante ao subir ao cavalo, sentir se livre na superação dos seus limites e o reconhecimento deles no meu trabalho , isso não tem preço.

Portal: Como instrutora, tu tens uma ligação forte com os animais, cuida e zela dos cavalos. Como é esse trato ?

Os nossos cavalos não são de raça, são doados pela comunidade , o trato é na alimentação, medicação e carinho. Os cuidados são do 6ºRCB, que nos sede o espaço e os cuidados veterinários. É necessário que o cavalo apresente em sua constituição física os requisitos e preparos necessários para a prática da equoterapia.

Portal: Qual os benefícios da equoterapia ?

São inúmeras. De forma geral, o público da equoterapia são pessoas com alguma disfunção mental, sensitiva ou motora e o contato com o cavalo oferece melhoras também àqueles com algum tipo de distúrbio neurológico, sendo recomendado a portadores da síndrome de Down, esclerose múltipla e autismo. Auxilia ainda no tratamento de crianças com hiperatividade ou muito agitadas, assim como daquelas com dificuldade de concentração. Os benefícios no  praticante observa uma melhora em sua coordenação e equilíbrio, desenvolve a noção de lateralidade e desenvolve maior percepção sobre o próprio corpo.  Da mesma forma, a equoterapia trabalha aspectos sociais e emotivos, atingindo excelentes resultados em pacientes com autismo, por exemplo. Isso porque, em contato com o animal, o praticante pode superar alguns medos, com melhoras significativas na área emocional e na interação social.

Júlio Cesar Santos                                                         Fotos: acervo pessoal