Vandalismo: foice e martelo, símbolos do comunismo, foram pichados na estátua de Rui Ramos

A estátua do poeta, pecuarista, ex-deputado federal e prefeito de Alegrete Rui Ramos, que fica na Praça Getúlio Vargas, Centro, foi pichada.

O ato de vandalismo foi identificado e não passou despercebido por leitores que acompanhavam uma transmissão do PAT, em razão da entrega de veículos à Secretaria de Agricultura, no início da tarde de quarta-feira.

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Praticas de vandalismo são registradas de forma recorrente na cidade. Neste caso, a pichação foi de um dos símbolos do Comunismo, a foice e o martelo.

Além do monumento de Ruy Ramos, na praça também há chafariz e as estátuas de Getúlio Vargas; Manoel Freitas Vale; Monumento às Mães e Arco do Triunfo.

A estátua:

A estátua de Ruy Ramos foi inaugurada no ano de 2012, quando completou 50 anos da sua morte, um presente da filha Cosete Ramos à cidade. Vinicius Ribeiro foi o artista responsável.

Na época, Cosete Ramos registrou que a estátua de Ruy Ramos, na Praça Getúlio Vargas, é para que a juventude saiba que existiu um homem, que se preocupou com o futuro de sua Cidade.

A imagem representa seu discurso para reeleição para deputado federal, no ano de 1962. Foi na noite de 24 de agosto, data do suicídio do ex-presidente – Getúlio Vargas, junto à Carta Testamento, menos de um mês antes de morrer.

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Ruy e sua esposa Nehyta Martins Ramos estiveram pela última vez na cidade em 16 de setembro. No dia 20, ele decolou de Pelotas em um Douglas, ao lado de sua inseparável companheira, e do conterrâneo Emílio Zuñeda, médico. Ele concorria à reeleição, em busca do terceiro mandato de deputado federal, estava em seu apogeu e provavelmente seria o mais votado do PTB. Tinha compromisso de campanha em Porto Alegre, no Dia do Gaúcho, e não poderia participar do desfile de 1962 em Alegrete. O tempo estava fechado, nuvens negras, armava-se um temporal, e o piloto carioca não conhecia a região. Acabou batendo num morro no Sertão Santana, entre Tapes e Barra do Ribeiro.

O histórico prédio da Prefeitura, na Praça Getúlio Vargas, também leva o nome do ex-prefeito.

Ruy Ramos

Foi protagonista da história do seu tempo, marcando-a indelevelmente. Já havia sido imortalizado por esta mesma história que ajudou a construir.

Sua marcante personalidade, seu destemor, sua honra inquestionável, sua coragem cívica e política, sua dedicação a causa dos oprimidos, fizeram dele uma figura ímpar, dessas que deixam um rastro luminoso por onde passam, que o tempo não apaga e que o mais tênue sopro do vento clareia as madrugadas mais brumosas e como relâmpagos iluminam as noites de tormenta.

Rui Ramos foi eleito deputado federal duas vezes, em 1950 e 1958. De sua profícua atuação parlamentar, destacam-se inúmeras ações. Sua pregação pela justiça social e contra o latifúndio improdutivo, colocam-no na galeria dos homens que por primeiro enxergaram a importância da reforma agrária. Foi um dos precursores da criação do Master- Movimento dos Agricultores Sem Terra – na década de 60. “Homem atilado, de inteligência aguçada, o deputado Rui Ramos percebeu a necessidade de investimentos em geração de energia, sendo dele a ação que possibilitou construir a Termelétrica Osvaldo Aranha, obra que veio beneficiar 14 cidades da Fronteira-Oeste.

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Preocupado com a educação, foi autor do projeto de lei que criou a Escola Técnica Federal de Alegrete. A construção do Instituto Rural Metodista só foi possível depois que ele próprio doou o terreno para a obra. Em 1962, obteve junto ao presidente da República João Goulart, recursos para reerguer em Alegrete a Sociedade Educacional, ponto de partida para que o município instalasse seu primeiro curso superior.

O símbolo

A foice e o martelo é um dos símbolos mais utilizados para representar os movimentos socialista e comunista.

A foice e o martelo fazem parte do conjunto de ícones que identificam todo movimento simpatizante do pensamento socialista/comunista, situadas mais à esquerda do espectro político. Um dos mais importantes ícones do século XX, a foice e o martelo figuraram em várias bandeiras, símbolos e brasões por todo o globo. Ao lado da estrela vermelha, é a principal representação gráfica das ideias defendidas por Marx, Engels e Lênin. Ali se faz presente a essência da ideologia comunista, com o proletariado da classe trabalhadora sendo representado pelo martelo e o camponês das áreas rurais, pela foice (antes, no lugar da foice usou-se o arado, mas como o desenho sempre acabava confundido com a foice, esta ficou como a representação dos trabalhadores do campo).

“Foi uma cena trivial, mas carregava um comovente simbolismo”, descreve o professor de matemática

O que diz o Secretário de Infraestrutura

O Secretário de Infraestrutura Mário Rivelino, disse que o vandalismo foi identificado na manhã de quarta-feira e que imediatamente providenciou para que o local fosse novamente pintado. Ele pontua que até o momento, não houve a identificação de quem possa ter cometido o ato.

Vandalismo é crime (dano ao patrimônio público), previsto no artigo 163 do Código Penal – “Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia”. A pena em caso de condenação por dano simples é detenção de um a seis meses, ou multa de um a seis salários mínimos.

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