“Você está com câncer”: técnica de enfermagem relata como é receber essa sentença e enfrentar a doença

Alegretense descreve a rotina de uma pessoa que precisa realizar tratamento contra o câncer. As medicações, os efeitos colaterais e emocionais, além de outras nuances de um diagnóstico que ninguém está preparado para ouvir.

Elidieli Fontinelli foi a entrevistada do PAT. Aos 33 anos, a técnica em enfermagem é casada e mãe de dois filhos, lindos.

Ela descreve que no início de maio 2020, começou a sentir uma dor no osso esterno(peito), à época consultou e nenhum diagnóstico. Como trabalha na saúde conversou com colegas e achou que fosse muscular, pois o período coincidiu com uma mudança. Entretanto, passaram as semanas e a alegretense foi piorando. A dor começou a aumentar, até que em julho, Elidieli fez mais exames, outros médicos e nada. A dor foi piorando e vários tratamentos não apresentavam melhora. Só pioravam. Neste período, até mesmo para se locomover a dor era insuportável, além da falta de ar que surgiu em tarefas rotineiras como vestir a roupa.

A dor que a deixava sem paradeiro, intensa e desesperadora a levou para uma ressonância em Santa Maria, no mês de agosto. Após o exame, alguns possíveis diagnósticos, mas graças a uma prima, a técnica em enfermagem consultou com uma oncologista, em santa Maria. A médica solicitou outros exames que ela fez ao longo do mês e então, o resultado da biopsia. No dia 1 de outubro, a certeza do diagnóstico: um tumor maligno de mama que se alojou no esterno. Algo raro. Um choque, algumas lágrimas, mas a certeza que tudo iria dar certo.

“A jornada de um tratamento para o câncer é desafiadora desde o diagnóstico. O impacto negativo da notícia, a reorganização do dia a dia para conciliar a rotina de hospital com trabalho ou estudos, os efeitos adversos do tratamento, a instabilidade emocional. Uma verdadeira ‘reviravolta’ na vida, que somente quem está passando ou já passou pelo tratamento pode ter noção da dimensão. E, não só na vida do paciente que tudo muda, quem está na volta também sofre com a nova realidade. A gente vê nos olhos de quem amamos as incertezas ao longo do tratamento”- relatou.

Elidieli cita que é uma fase bem difícil e que as pessoas precisam estar bem, mentalmente, para que tudo seja menos doloroso possível.  O cenário é por si delicado e requer dos pacientes o entendimento das novas circunstâncias da vida para levar o tratamento da forma menos desesperadora possível, sem ‘encerrar-se’ em razão da doença, mas respeitando os limites que o corpo impõe – revelou.

A técnica cita que, embora não haja regras para a passagem pelo tratamento, informar-se sobre a doença, manter uma comunicação clara e irrestrita com a equipe médica, buscar o carinho e amparo das pessoas amadas, dos filhos, do esposo, da mãe, do pai, familiares e amigos são um estímulo para nunca desistir.

“O cabelão faz falta sim(rsrsrsr), minha rotina mudou, na realidade a vida da gente muda, mas devemos lembrar que é apenas uma fase e, de cada uma das fases da nossa vida, temos que tirar as melhores lições, os aspetos mais positivos, os aprendizados e crescer com eles, mesmo quando parece que tudo é cinza e que não há nada de bom para aproveitar. Existe sempre, e depende de nós encontrar a “cereja” que vai enfeitar o nosso bolo. A vida é assim, cheia de altos e baixos e só dependemos de nós para vencermos”- acrescenta.

A alegretense também comenta que ainda tem muito chão pela frente, quimioterapia , cirurgia mas sabe que vai vencer e que Deus está sempre ao seu lado dando forças para seguir, e mostrar para muitos que estão passando pelo mesmo problema que não estão sozinhos nunca e, o principal, 60% do tratamento depende do paciente e os outros 40% é com as medicações.

“Não importa ser gorda, magra, cabeluda ou careca temos que nos amar acima de tudo. Se eu falar que é fácil, sei que não posso, pois não é fácil, mas se ficarmos para baixo- nos vitimizando- tudo piora. Tudo passa e sei que logo, logo vão ser histórias para contar de um momento difícil que superei com a vitória. Busco ler bastante sobre mulheres que venceram, e achei outro estímulo, comecei a cursar nutrição, isso também esta me ajudando a esquecer com cautela, alguns dos sintomas da quimioterapia que faço em Santa Maria. Meus filhos são o meu esteio para estar cada vez mais firme” – finalizou.

Flaviane Antolini Favero

Fotos : Fernanda Duarte
Make: Aline Paim
Roupas: Ledivine