Prejuízos com vendaval chegam a R$ 5 milhões em Santa Maria

Mais de 1,1 mil casas foram destelhadas. Até esta sexta-feira, cidade ainda tinha 25 mil pontos sem energia elétrica e 2 mil sem água

vendaval

Os prejuízos públicos com o temporal da última quinta-feira devem chegar a R$ 5 milhões, conforme previsão estimada pelo prefeito Cezar Schirmer (PMDB) em
coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira, em Santa Maria. A cifra, somada aos outros R$ 10 milhões perdidos com a chuvarada da semana passada, elevam os
danos ao patamar de R$ 15 milhões. Em função do montante, Schirmer assinou nesta sexta-feira um novo decreto de emergência (o primeiro foi assinado na sexta-feira
passada, dia 9).

Com o decreto, o prefeito encaminha pedido de ajuda financeira ao Estado e à União e torna mais ágil a compra de materiais para ajudar os prejudicados pelo temporal, como lonas e telhas, já que ocorre dispensa de licitação. As áreas mais castigadas pelo vendaval foram Camobi e Nova Santa Maria, na área urbana, e os distritos de Arroio Grande, Passo do Verde, Boca do Monte e Santa Flora, na zona rural.

Na coletiva, Schirmer contabilizou os estragos: 18 escolas atingidas, sendo que três deverão ter alunos relocados para outros locais na próxima semana em função dos
estragos, 29 pontes danificadas, além de estradas, bueiros e pontilhões, 12 abrigos de ônibus destruídos, dois ginásios e o museu de arte (Masm) interditados.

Na agricultura, o prefeito calculou mais perdas. O prejuízo deve chegar a R$ 20 milhões, conforme ele. Pelo menos 80% dos 500 hectares de arroz já plantados foram
perdidos, além de estragos nas culturas de fumo, melancia, melão e morango, folhosas, estufas, pecuária de corte, piscicultura e criação de ovinos.

Também presentes no encontro, o gerente regional da AES Sul, Leandro Backes, e o superintendente da Corsan, José Roberto Epstein, informaram a situação nas
redes de energia elétrica e abastecimento de água. Em Santa Maria, conforme Backes, havia cerca de 25 mil pontos sem luz até as 21h. Logo após o temporal
segundo ele, esse número chegava a 80 mil. Ele soube informar um prazo para que todos os estragos sejam consertados, mas afirmou que há a possibilidade de os
reparos prosseguirem até quinta-feira.

De acordo com o gerente, pelo menos 34 equipes e 100 homens trabalham quase que initerruptamente para consertar os estragos. As primeiras ocorrências atendidas
são as de risco, como aquelas que têm fios no chão. Essas, até esta sexta, chegavam a 520. Apenas postes caídos, segundo ele, já havia 80 contados, mas o número
poderia chegar a 500 em Santa Maria. Além disso, havia pelo menos 300 transformadores atingidos, que, por segurança, se desligam.

— Primeiro, atendem-se as de risco, depois passamos a consertar a rede principal, que leva energia para os bairros e localidades mais distantes. Depois, vamos
avançando. Na área central, a previsão é que a energia seja restabelecida até este sábado. Nos bairros, não há previsão. Pela nossa experiência, o trabalho de conserto
pode se estender até quinta-feira — disse.

Na Corsan, Epstein afirmou que ainda existiam em torno de 2 mil economias sem água na sexta-feira, atingindo cerca de 8 mil pessoas. O restabelecimento do abastecimento, depende, em grande parte, do retorno da energia elétrica. O superintendente calcula um prazo de até 30 dias para consertar todos os estragos com os alagamentos e o temporal de quinta, incluindo recuperação de adutoras e estações de bombeamento de água.

Caso de leptospirose foi descartado

Coordenador da Defesa Civil no município, o secretário de Ação Comunitária, Adelar Vargas, contabilizou os estragos na cidade: 1.123 casas destelhadas, 52 rolos de
lona (com 800 m² cada) distribuídos e 106 desabrigados, que estão na casa de parentes ou abrigados em igrejas e centros comunitários.

Sobre um possível caso de leptospirose em Santa Maria, a secretária de Saúde, Vânia Olivo, disse que a possibilidade foi descartada após contato com hospitais da
cidade. No entanto, Vânia afirmou que cresceram nos postos de saúde os atendimentos de crianças com vômitos e diarreia, possivelmente pelo contato com água da chuva contaminada.

A secretária também distribuiu um informativo, que contém dicas para evitar a contaminação pós-enchentes. Entre as medidas estão a higienização de roupas, calçados e cobertas que tiveram contato com enchente, além de utilizar água sanitária para limpar o interior e os arredores da casa após o alagamento. Outra dica importante é proteger pés e mãos do contato com a água contaminada, que carrega o vírus da leptospirose e outros agentes causadores de doenças.

A secretária ainda pede que a população enterre animais domésticos mortos na enchente, uma vez que o município não tem condições de recolhê-los.

Fonte: DIÁRIO DE SANTA MARIA