
Filho de mãe alegretense, ele cresceu com um pé em São Paulo e outro na Fronteira, onde conheceu de perto a vida campeira e a cultura do Baita Chão, que se tornaram marcas essenciais em sua formação e na identidade que escolheu preservar.
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Desde pequeno, Rodrigo viajava com frequência para Alegrete, onde viveu experiências que moldaram sua memória afetiva: galpões, cavalos, o gado, a lida campeira, os encontros ao redor do fogo para compartilhar um mate e as iguarias típicas da região. “Me criei no galpão”, conta ele, lembrando das refeições singelas, mas cheias de tradição, em que se deliciava com galeto e miúdos de ovelha ao lado da família.



“No verão, pescava traíra na barragem e fazia um assado na margem. Lembro da casa da minha avó, onde comia um baita carreteiro. Na nossa família, tínhamos o costume de misturar o carreteiro com ovo ralado, queijo parmesão e um toque de azeite. Eu adorava a ambrosia da minha tia, o galeto do seu Joãozinho e o ‘xbrazão’… e o xis de carne picada, que acredito ser uma particularidade do Alegrete, assim como os desfiles do 20 de Setembro. Ainda na primeira infância, aprendi o Canto Alegretense e voltei para São Paulo todo pilchado.
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Essas influências marcaram profundamente minha personalidade e, apesar de não ter nascido em Alegrete, fui me forjando nessa cultura tão particular e única. A vida seguiu, e acabei virando cozinheiro. Meu primeiro trabalho foi com sushi, e, naquela época, a cozinha molecular espanhola estava em alta. Eu guardava as referências da fronteira comigo, ainda que, naquele momento, não fizessem muito sentido no meu trabalho.”- citou.

Com o tempo, Rodrigo se tornou chef de cozinha, aventurando-se em São Paulo e no exterior. Iniciou sua carreira com sushi e adentrou o mundo da cozinha molecular na Espanha, em restaurantes inovadores e estrelados. No entanto, mesmo diante da modernidade culinária, suas raízes o chamavam de volta à tradição. Esse resgate aconteceu de forma natural quando Rodrigo foi convidado a trabalhar em uma parrilla, um espaço onde as lembranças da fronteira ganharam força e o norteiam até hoje.







Ao retornar ao Brasil, mais especificamente em São Paulo, Rodrigo decidiu que era hora de unir suas origens e suas habilidades culinárias. Criou o El Pampero, um restaurante de parrilla que carrega as influências da cultura gaúcha, especialmente da fronteira alegretense. “Queria trazer as referências do Alegrete e da fronteira, porque falamos muito da gastronomia do Uruguai e da Argentina, mas o Rio Grande é tão rico quanto”, explica o chef.

Com orgulho, o El Pampero é um espaço onde Rodrigo celebra a diversidade da cultura gaúcha e a riqueza da gastronomia fronteiriça. No cardápio, há cervejas do produtor local Rafael da La Pampa, linguiças campeiras e, em breve, queijos artesanais da região. Rodrigo quer mostrar ao Brasil que, além dos tradicionais churrascos e espeto corrido, a culinária do Rio Grande do Sul é ampla, autêntica e complexa.
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Para ele, o El Pampero é uma bandeira pela preservação e valorização da culinária sulista. E mais do que isso, é um espaço de memória e afeto. Ao compartilhar a cultura de Alegrete em plena metrópole paulistana, Rodrigo une duas terras que carrega dentro de si e perpetua uma identidade que, embora distante fisicamente, mantém-se viva e pulsante em cada prato servido.