A narrativa, em detalhes, de uma alegretense que sofreu assédio sexual em ônibus

Uma alegretense que sofreu assédio sexual em ônibus, destaca a importância de ter uma atitude e repudia a falta de empatia e ação de outras pessoas que estavam no mesmo local.

Eliane, pediu para não ter o sobrenome divulgado, mas reforçou que a violência precisa ser exposta para que sirva de alerta para as mulheres em qualquer lugar. Ela é natural de Alegrete e, hoje, trabalha em uma empresa de segurança em Porto Alegre. Porém, reside em Alvorada e, diariamente realiza o mesmo trajeto de ônibus que dura em torno de 40 min.

Em conversa com a reportagem, Eliane contou que sai todos os dias muito cedo para trabalhar. Ela falou que na manhã de quarta-feira, entrou no ônibus e sentou no terceiro banco atrás do motorista, na frente tinha uma outra moça, assim como do lado direito. O acusado estava sentado um pouco na frente de ambas.

“Quando entrei, percebi que ele ficou com os olhos fixos e seguiu acompanhando até o momento em que sentei. Ele não parava de olhar, tanto pra mim, quanto para outras mulheres que passavam . Olhando descaradamente e, como está muito calor a maioria usava vestido ou short, mas isto não dá o direto de ter a atitude que ele teve. O mais nojento é que ele mordia os lábios, se tocava e tinha um olhar que intimidava. Não deu muito tempo, uma guria começou a se sentir mal e ele não parava de olhar pra ela. Depois, começou olhar pra mim da mesma forma e com os mesmos gestos. ” – relatou.

 

O que a deixou ainda mais indignada é que as demais pessoas observavam tudo, mas ninguém foi capaz de tomar alguma atitude, até mesmo os homens.

A alegretense não esperou muito e tomou uma atitude. Ela levantou e cutucou o ombro do indivíduo que virou para frente quando percebeu que ela iria em sua direção. – “Tu perdeu alguma coisa? Por que do jeito que olha para todas as mulheres é como se tu tivesse perdido algo. Ele me olhou bem apavorado e disse: O quê? Tu tá louca?

Nesse momento não consegui ficar inerte como as demais pessoas e reagi com mais austeridade: disse a ele que estava louca sim, mas que a atitude dele era de um velho nojento, tarado e escroto. Que o assédio era crime e que percebeu as atitudes dele só que até então ele apenas intimidava e ninguém tomava uma iniciativa de demonstrar o mal que a situação provocava.

 

“Tu não tem vergonha nessa tua cara não? Se eu fosse um homem tinha te colocava a chute pra fora!”- concluiu o diálogo com ele, comentou.

 

 

Elaine observou que todas as demais pessoas olharam espantadas, a maioria aliviadas com a reação dela, pois foi a partir deste momento que o homem virou para frente e passou a ter um comportamento exemplar. “A questão e o grande problema é que as pessoas vêem a situação e não fazem nada. Não sei se me exaltei demais, mas fiquei muito brava com o jeito que ele olhava se insinuando, todos estavam percebendo e nada era feito. Entretanto, eu não posso deixar assim, pode me chamar de louca, mas se eu me calar também será uma violência” – disse.

 

A alegretense ainda comentou que ao falar do assunto, ficou chocada em ouvir de algumas pessoas que não deveria ter falado nada, pois o homem não chegou a tocar e/ou agarrar alguém. Como se tivesse que chegar a esse extremo para que as mulheres se sentissem no direito de revidar um ato repulsivo como o assédio.”Poxa em que mundo vivemos, onde pra ser assediada precisa o agressor chegar às vias de fato para que tenhamos o direito de ir e vir garantido, sem ter o receio ou medo de um tarado cometer um estupro?- questionou.