Experiente em enchentes, morador faz estimativa de quanto o Ibirapuitã vai crescer

Falar sobre enchentes do Rio ibirapuitã em Alegrete é assunto para família Reffatti. É como voltar ao tempo e relembrar as 10 maiores enchentes já registradas em Alegrete.

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No município, Ernesto Reffatti cuida, ao lado do pai, Ilário Pilecco de 87 anos, da chácara localizada no final do Bairro Rui Ramos. A zona margeia o rio, ou melhor é circundada pelo leito do Ibirapuitã. Na enchente de maio de 2024, com a inundação do rio que quase alcançou os 13 metros, eles tiveram que mais uma vez sair de casa.

Reffatti, na frente da chácara em maio de 2024.

Ernesto fala com propriedade, afinal tem todas as anotações num caderno e a cada inundação marca na parede da casa, onde a água chegou. Ernesto conta que o pai adquiriu a propriedade no ano de 1947, onde era usada na época como um porto para lanchas de grande porte que o avô possuía. Desde então, a família Reffatti aprendeu a conviver com as sucessivas cheias do rio. No ano passado, o rio apresentou seu nível mais alto em 4 de maio de 2024, chegando a 12,83cm.

Temerário, mas ciente que o nível vai subir, ele conversou com a reportagem e deu detalhes dessa enchente de maio de 2025. Na terça-feira (27), por volta das 10h, ele atendeu um telefonema e disse que durante o dia ia ter uma suba considerável. “Notei que a correnteza da água está calma é sinal que os rios que deságuam abaixo da cidade como Capivari e Inhandui estão com muita vazão fazendo com que suba mais rápido por aqui. Até o momento aqui na chácara choveu 192 mm”, disse o alegretense.

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Nesta quarta-feira (28), Ernesto novamente atendeu a reportagem e revelou que o rio está com uma elevação das águas a 7cm por hora e uma altura de 11.12m com uma vazão de 908 metros cúbicos por segundo registro feito por ele, às 12h30min. “Se continuar assim vai subir entre 80cm a 1 metro de altura, para uma estimativa de 20 horas ainda de suba do Ibirapuitã. Refatti explica ainda que o rio saiu de uma vazão de 703m cúbicos na terça, para 908m nesta quarta.

Acostumados a acompanhar a suba e descida do rio em mais de quatro décadas, ele diz que no ano de 1959, teve uma grande cheia chegando na altura das janelas da casa da chácara, e as águas foram na extinta Escola do Instituto Rural Metodista (IRMA).
“As cheias sempre foram cíclicas, ocorre em alguns anos seguidos e depois passa dois ou três anos sem.
Essas enchentes do Rio Ibirapuitã são uma combinação de chuva muito forte na nascente do rio, em Santana de Livramento, e as chuvas aqui no município”, ensina Reffatti.

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Dessa vez, por conta da própria precipitação no município, já que na nascente absorveu um acumulado de 27.6mm nas últimas 48 horas. Às 13h15min, o Rio em Alegrete alcançou 11.20m acima do seu leito normal, foram 8 centímetros na última hora, dentro da estimativa apontada pelo alegretense Ernesto Reffatti.

Um estudo de universitários da UNESP em 2013, revela que o inventário das ocorrências de inundações apontou um total de 39 registros de acidentes ou desastres provocados por inundações entre os anos de 1980 e 2007 em Alegrete. O trabalho aponta que o município é um dos mais afetados por este tipo de evento no Rio Grande do Sul.
Os trabalhos em detalhe permitiram identificar 30 bairros, dentro da área urbana, com registros de eventos. Os bairros Canudos, Macedo, Restinga e Vila Nova se destacam com a maior frequência de
registros de inundações, com 8 eventos registrados nos 27 anos analisados. No entanto, nos dois últimos anos, os bairros Santo Antônio e Nilo Soares Gonçalves tem registrado prejuízos com as inundações em Alegrete.

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