Vendas cresceram 70% em número de pares para os Estados Unidos nos primeiros nove meses de 2019, segundo a Abicalçados. O faturamento, de 64 milhões de dólares, é 54% maior que o do mesmo período do ano passado.
A guerra comercial entre duas potências mundiais, os Estados Unidos e a China, tem refletido na alta das exportações de calçados produzidos no Rio Grande do Sul. O país asiático era o principal fornecedor do produto para os norte-americanos, mas tarifas extras de importação têm encarecido os sapatos produzidos na China. Na competição internacional, o calçado feito no Brasil ficou mais barato.
A indústria brasileira está aproveitando a oportunidade de negócios. Nos nove primeiros meses do ano, somente as exportações gaúchas cresceram 70% em número de pares para os Estados Unidos. O faturamento, de 64 milhões de dólares, é 54% maior que o do mesmo período do ano passado. Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
O presidente da Abicalçados, Haroldo Ferreira, acredita que o mau-humor entre os chineses e americanos deve render bons negócios até 2020.
“É o reflexo da guerra comercial dos Estados Unidos com a China. Quando isso começou, no último trimestre de 2018, os importadores americanos começaram a se abastecer em outros mercados e se voltaram para o mercado brasileiro, especialmente o gaúcho. Sabemos que essa briga terá um ponto final. Porém, nós acreditamos que vamos colher frutos no primeiro semestre de 2020”, afirma.
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Feira movimenta setor de calçados em Novo Hamburgo — Foto: Reprodução/RBS TV
Para manter os resultados, é preciso que o mercado interno também reaja. Em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, uma feira aposta em um espaço 30% maior em relação à edição anterior para aumentar a oferta de produtos.
Uma empresa de Estância Velha apresenta no Brasil as mesmas tendências dos calçados que são exportados. “Como a gente antecipa tendências para produzir para o mercado externo, a gente acaba trazendo tendências antecipadas também”, explica a estilista Susan Sbartelotto.
O presidente da Fenac, centro de eventos que recebe a feira, entende que a alta das exportações contribui também para movimentar o mercado interno.
“Tem mais dinheiro para fazer investimento, tem mais dinheiro para fazer novas coleções, e essa coleções aparecem, então, no mercado, o que torna mais atraente para que o público compre”, detalha Márcio Jung.
O que é a guerra comercial?
Com o argumento de que busca proteger os produtores norte-americanos e reverter o déficit comercial que os Estados Unidos tem com a China, Trump vem anunciando desde 2018 tarifas sobre produtos importados do país asiático. O objetivo é dificultar a chegada de produtos chineses aos Estados Unidos, o que estimularia a produção interna. O governo da China, por sua vez, tem reagido a esses anúncios com retaliações, chegando a impor também tarifas sobre produtos norte-americanos.
Fonte: G1