Alegretense Paulo César Pereio, ‘galã-terrible’ do cinema nacional, mora no Retiro dos Artistas

Paulo César de Campos Velho, nasceu em Alegrete, em 1940. Sua família se radicou em Porto Alegre, onde o pai médico trabalhava. Seu nome, Campos Velho, foi dado a uma importante avenida da zona sul da capital gaúcha. Peréio como também é conhecido, saiu de Alegrete aos 12 anos. Seu pai era militar e a mãe trabalhava na Assembleia Legislativa. Ao lado de nomes como Paulo José e Lilian Lemmertz, o ator fez parte do Teatro de Equipe, um grupo de atores que marcou o teatro gaúcho nos anos 1950.

Aos 80 anos, o alegretense que participou em dezenas de filmes nacionais desde os anos 1960, está morando no Retiro dos Artistas, instituição localizada em Jacarepaguá, que acolhe artistas sem família ou em dificuldades e garante uma melhor qualidade de vida.

 

De acordo com um artigo da VideVésus, ele está na miséria, sem renda, mas não perde o aplomb: “Ainda tenho meu apartamento em São Paulo, então não me mudei. É uma situação de exceção. Gosto bastante daqui, é muito vantajoso. Na Bela Vista (bairro paulistano), não estaria tão bem. Teria que sair sempre, ir ao restaurante. Aqui é um microcosmos, um universo fechado em pleno ataque do vírus”- informou à reportagem.

No Retiro dos Artistas, em um terreno de 15 mil metros quadrados, o artista está com 51 colegas. Pai de quatro filhos, Paulo César morava sozinho em São Paulo e fez a mudança em dezembro: “Me administro muito mal. Não recebo benesses, não tenho nada. Fui ver minha filha mais velha em Rio das Ostras, onde ela mora, e discutimos essa possibilidade. Então vim para cá”. Seus filhos o visitam e colaboram financeiramente com o retiro. Ele também pondera que não está aposentado: “Atores não se aposentam. Sabe qual é a idade do Rei Lear? Noventa anos. Ainda sou muito novo para fazer”.

O ator ganhou notoriedade no cinema nacional com seus papéis de cafajeste, uma atitude que ele cultivou ao longo de sua vida. Ele participou de obras de grande projeção, como “Lúcio Flávio, Passageiro da Agonia” (1977) e “A Dama do Lotação” (1978), assim como de comédias ao estilo de “Assim Era a Pornochanchada” (1978) e “O Segredo da Múmia” (1982). Também teve vários trabalhos na televisão, como em “Roque Santeiro (1985) e, mais recentemente, na série “Magnífica 70” (2015-2018), da HBO.

Pereio foi casado três vezes. Primeiro com a atriz Neila Tavares, mãe de Lara; depois, com Cissa Guimarães, com quem teve dois filhos – Tomás e João, que também é ator. Finalmente, de seu casamento com Suzana César de Andrade, que não é do meio artístico, nasceu Gabriel.

 

Já atuou em mais de 60 filmes e inúmeras peças teatrais. No cinema, foi dirigido por Glauber Rocha, Arnaldo Jabor, Hugo Carvana, Ruy Guerra e Hector Babenco, e enlouquecia os diretores, graças aos seus sumiços e atrasos. Irônico e irreverente, ficou conhecido por marcar o final de cada frase sua com a expressão “porra”.

 

É considerado um dos melhores narradores do país, e uma das vozes preferidas dos publicitários brasileiros. Ironicamente, em seu filme de estreia, o diretor Ruy Guerra chamou Cecil Thiré para dublá-lo. Pode-se também dizer que Paulo Cesar Pereio foi figura importante na Campanha da Legalidade comandada pelo então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, pois juntamente com Lara de Lemos compôs o Hino da Legalidade, além de ter sido um dos locutores da Rádio da Legalidade, cadeia de rádios liderada pela Rádio Guaíba e que garantiu a posse de João Goulart em 1961. Além disso, Pereio também participou da campanha presidencial de Brizola em 1989, como um dos locutores do horário eleitoral do então candidato.

 

O nome “Pereio” vem de um apelido de infância. “Desde que comecei a dar os primeiros passos, e até hoje, tenho esse andar um pouco jogado pra frente, parecia um preto velho e me apelidaram de “Nego Véio” por causa disso, e aí minha irmã Rosa, que não falava direito, me chamava de Vevéio e meu pai brincava comigo, Vevéio, Pereio, Peio, acabou virando Pereio”.

 

Fonte: Diário do centro Mundo