É de bar em bar que a história de Gege Guerisoli é contada

Luiz Eugênio Pedrosoli, é natural de Uruguaiana, se considera alegretense de coração. Na 3ª Capital  Capital Farroupilha já são mais 37 anos.Mas Luiz Eugênio, talvez pouco saibam quem é. Quem sabe apresentá-lo como Gege Guerisoli, o nome artístico ele explica depois.

A entrevista foi super agendada. Inicialmente por conta dos seus compromissos e depois pela equipe de reportagem que teve que dividir os dias para encaixar as conversas com o músico.

Gege logo diz que é tímido e não é muito bom nas palavras. Ledo engano, contou sua história como se fosse uma biografia pronta. “Minha mãe é alegretense e meu pai de Uruguaiana”, explica o artista.

Ele conta que a mãe Lenir Pedroso Guerisoli, era cobradora de ônibus na época, quando conheceu o pai Délcio Vierazoli. Ainda pequeno, Gege conta que o pai recebeu uma proposta para trabalhar na extinta loja Casa do Povo. Foi aí que virou alegretense, o casal saiu de Uruguaiana e veio morar em Alegrete.

Gege residiu em São Paulo com a família do pai e depois retornou para Alegrete. Luiz Eugênio Pedrosoli, vai completar 40 anos em outubro e sua história iniciou aos 13 anos, cantando na igreja, como boa parte dos músicos.

Contrabaixista de uma banda que tinha na igreja, ele diz que faltava um Instrumentista e acabou se interessando pelo contrabaixo. Com talento, fez algumas aulas e logo aprendeu.

Mas acabou virando tecladista porque o pai tinha comprado um teclado para mãe. Gege relata uma história muito bonita e ao mesmo tempo triste. “Minha mãe foi uma das melhores alunas. Ela estudava na escola Musiartes, daí o meu tio adoeceu e na época tiveram que ir para outra cidade, abandonando o teclado”, relembra.

Num dia, cruzando em frente de uma loja, ele leu uma placa que oferecia aulas de teclado; nascia ali o tecladista Gege. “São coisas que marcaram na minha vida”, comenta o artista.

Gege tocou em dois eventos com Vilson Paim, tecladista em uma romaria e um baile gaudério. Uma participação com Garotos de Ouro no Clube Juventude, e também participação com Alexandro dos teclados em São Paulo.

“Uma coisa que marcou bastante para mim, foi as aulas na Escola Tom Jobim na capital paulista. Gege não conseguiu terminar as aulas devido ao alto investimento, mas garantiu um bom aprendizado.

A primeira dupla sertaneja, foi uma parceria com o alegretense Robson Rockenbach. Juntos, tocavam em barzinho, foi a dupla que animou a inauguração do Botoni.

Gege nunca se considerou cantor, diz que arriscava, uma ou duas músicas. Se considerava o segunda voz da dupla.

Com muito incentivo dos amigos e colegas de profissão na época, ele tomou coragem para soltar seu vozerão. Envergonhado, ele acabou virando cantor por necessidade.

Já faz dez anos que Gege  perdeu seu companheiro. Robson foi embora para Santa Catarina e ele se obrigou a seguir cantando sozinho.

Com 14 anos Gege começou ir na igreja por convite de um amigo.  Foi lá que se interessou na parte musical. Foram quase seis anos tocando na igreja.

Eclético e com os pés no lugar, Gege se decidiu que queria viver da música. Tinha que tomar uma decisão, afinal depois de tocar na igreja se dedicou ao sertanejo raiz. Em suas apresentações geralmente era sertanejo sem a música gaúcha.

Não demorou para o segmento gaúcho, confessa que foi mais por questão de mercado. “Aqui em Alegrete, até hoje é assim. Tu tem que tocar música gaúcha, senão tu não consegue sobreviver” destaca. No extinto Planeta 21, Gege tocou com Léo e Junior, sucesso que marcou época em Alegrete.

Gege é amante da música de barzinho, muita MPB, pop rock e uma bossa nova. Da metade sul, Gege diz que já tocou em vários bares de diversas cidades. Também na capital do RS, barzinhos em praias, Torres, Capão da Canoa, Curumim, Xangri-lá, Arroio do Sal, Arroio Teixeira, Magistério e muitos outros.

A pandemia do novo coronavírus abalou os planos de Gege. Já são cinco meses que não trabalha. Para piorar, o auxílio foi negado, e ele teve de entrar na justiça pela Defensoria Pública do Uruguai, o processo está tramitando no país vizinho.

Nesse período, ele ganhou algumas cestas básicas de alguns colegas e como mora com os pais, conseguiu equilibrar as finanças para salva a alimentação.

Gege conta que o convite para live #todosporAlegrete, foi uma experiência incrível. “Fiquei muito feliz pelo convite. Foi uma experiência incrível pra mim, isso é uma coisa que eu vou guardar pro resto da vida. Foi bacana, me senti muito feliz, fui muito elogiado, principalmente pelo pela escolha do repertório. Fiz uma música gaúcha e também uma música gospel, que foi muito bem aceita”, recorda.

Gege já participou de várias lives de colegas locais, como a cantora Aline Costiti, Bruno Souza, dupla Luiz e Iurique, Márcio Rocha e tantos outros.

Gege finalmente resolve contar a história do apelido artístico. Foi em 1997, Robson Rockenbach trabalhava numa serigrafia e ele numa farmácia.

“Numa tarde ele chegou na farmácia. – Ó, fiz um um material pra gente – ele fez uns cartões de visita, uns cartazes assim, não tinha foto naquela época, era só a arte mesmo. Ele chegou ali como trabalhava numa serigrafia e o nome dele era Robson e o meu Luiz é o gênio, né? Aí ele Robson e GG. Eu prontamente detestei. Achei ridículo, mas como o material já estava todo pronto, acabou pegando.

“Continuem, é uma vida dura, difícil, mas muito satisfatória, passamos por momentos bons e ruins”, incentiva do artista que já passou por altos e baixos na profissão.

Júlio Cesar Santos                  Fotos: Pedro Mello e reprodução