Operação flagrou adição de milho em empresa de Três de Maio
O Ministério Público (MP) gaúcho ofereceu denúncia nesta sexta-feira contra 10 supostos envolvidos na fraude do queijo produzido pela empresa Laticínios Progresso, com sede em Três de Maio, no Noroeste gaúcho, e depósito clandetino em Ivoti, no Vale do Sinos.
A operação Queijo Compen$ado I, deflagrada no dia 16 de junho, detectou um esquema de adição de amido de milho no queijo para mascarar a colocação de água no leite, além da compra de matéria-prima fora dos padrões da indústria, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva. As análises do produto apreendido no dia da ação confirmaram a presença de coliformes fecais.
Foram denunciados os proprietários da Laticínios Progresso Volnei Fritsch, Eduardo André Ribeiro e Pedro Felipe Fristsch (filho de Volnei e sócio oculto da empresa) – os três presos preventivamente –, a irmã de Volnei, Roselaine Fritsch, o motorista do laticínio, Arnildo Roesler, o funcionário da empresa e olheiro da quadrilha, Neimar Hosda, o apoiador do esquema (em especial, na distribuição), Claudio Fuhr, o ex-secretário da Agricultura e Meio Ambiente de Três de Maio, Valdir Ortiz, o veterinário da prefeitura de Três de Maio, Marcelo Paz Carvalho, e a companheira de Eduardo, Andreia Abeling.
O esquema
Conforme as investigações, coordenadas pelos promotores de Justiça da Especializada Criminal, Mauro Rockenbach, e de Defesa do Consumidor, Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, o esquema funcionava, pelo menos, desde abril de 2012. Volnei Fritsch, Eduardo André Ribeiro e Pedro Felipe Fritsch teriam conhecimento das condições das cargas de queijo e de ricota adulteradas e corrompidas que eram transportadas entre os municípios de Três de Maio, Ivoti e demais localidades. Eles participariam ativamente da fraude, pois adquiriam e utilizavam amido na fabricação dos produtos, com a finalidade de aumentar o volume, mantendo-o, após, em depósito para ser vendido.
Crimes
De acordo com o MP, foi detectada lavagem de dinheiro por meio de depósitos nas contas de Roselaine e Andreia, assim como falsidade ideológica – Valdir Ortiz e Marcelo Carvalho teriam declarado falsamente que não existiam máquinas para misturar ricota à massa de queijo mussarela nas dependências da empresa, o que foi contraposto por fiscalização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Além disso, teria havido crime de corrupção passiva e ativa. Isso porque, em fevereiro de 2014, Valdir Ortiz teria solicitado e recebido vantagem indevida, estimada em R$ 1 mil, constante na folha de despesas da Laticínios Progresso, conforme o MP. Ortiz, aproveitando-se do cargo, seria o encarregado de intermediar na prefeitura os trâmites para regularização das questões ambientais e da empresa e receberia “patrocínios” pelo auxílio prestado.
Roselaine teria recebido valores provenientes da fraude e funcionaria como laranja na compra do caminhão utilizado para o transporte do queijo adulterado. Ela também seria uma das responsáveis pela aquisição de amido, conforme documentos apreendidos na deflagração da operação Queijo Compen$ado I.
Fonte: Correio do Povo