
O Portal Alegrete Tudo inicia, a partir desta semana, a nova sessão Tradição na WEB, dedicada a valorizar e resgatar a cultura do Rio Grande do Sul. Ao longo das próximas semanas, o espaço vai apresentar histórias, revelar curiosidades e destacar personagens que mantêm viva a essência gaúcha através da música, gastronomia, danças, artesanato e outras manifestações que atravessam gerações.
O objetivo é aproximar o passado do presente, conectando o campo à cidade, o interior ao litoral, os mais antigos aos mais jovens, levando a tradição para a era digital.
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Bugio: dos campos de cima da Serra para todo o Estado
O tema de estreia não poderia ser mais emblemático. Poucos ritmos possuem identidade tão marcada no Rio Grande do Sul quanto o bugio. Com batida inconfundível, marcada pelo repique da gaita e um compasso de levada quase “quebrada”, o bugio é sinônimo de alegria, tradição e autenticidade nos galpões, rodeios e bailes.
Origem e história
O bugio nasceu nos Campos de Cima da Serra, região que abrange municípios como São Francisco de Paula, Vacaria e Bom Jesus. Pesquisadores apontam que sua origem remonta aos sons da natureza, em especial o grunhido do macaco bugio, comum em matas nativas da região. Os primeiros gaiteiros teriam tentado imitar esse som com o fole da gaita, resultando no ritmo que herdou o nome do animal.
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Embora tenha raízes que remontam à década de 1940, foi a partir dos anos 1960 que o bugio se popularizou em todo o Estado, passando a ter letras próprias, dança característica e espaço nos festivais nativistas.
Características musicais
Executado em compasso binário, com andamento rápido e acentuação marcada no segundo tempo, o bugio tem um “balanço” único. A gaita-ponto (ou de oito baixos) e a gaita piano são os instrumentos principais, mas violão, contrabaixo e percussão também compõem as formações modernas.
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As letras, em sua maioria, exaltam a vida campeira, o cavalo, o mate, a natureza serrana e os costumes do interior.
Nomes consagrados
Entre os grupos que consagraram o bugio na música gaúcha estão:
Os Mirins, referência em bugios instrumentais e cantados;
Os Monarcas e Os Serranos, que seguem levando o ritmo aos palcos e bailes pelo Estado.
A dança do bugio
Dançar bugio exige jogo de cintura e adaptação. Diferente do xote ou da vaneira, é dançado de forma mais solta, com passos marcados no ritmo forte e sincopado da gaita. O casal gira continuamente, com pequenas paradas e mudanças de direção que acompanham as “quebradas” da melodia. Nos CTGs, passos personalizados surgem conforme o estilo de cada par.
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Curiosidades
O bugio tem festival próprio: o Festival do Bugio, realizado em São Francisco de Assis desde 1983;
Em 2007, o ritmo foi reconhecido pela Assembleia Legislativa do RS como “ritmo musical genuinamente gaúcho”;
Alguns estudiosos apontam influências indígenas e africanas na percussão que marca o ritmo.
Preservação cultural
Mais que um estilo musical, o bugio representa a resistência cultural e a identidade do gaúcho diante das mudanças do tempo. Enquanto o fole da gaita ecoar pelas coxilhas, o bugio seguirá firme – agora também no ambiente digital, por meio da Tradição na WEB.
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Na próxima semana, o Portal Alegrete Tudo trará outro símbolo do Rio Grande: a história do carreteiro, prato típico das tropeadas que segue presente na mesa dos gaúchos.