A ivermectina desapareceu das farmácias de Alegrete

Com a proibição da comercialização da cloroquina sem receita, a ivermectina vem sendo popularizada no combate ao novo coronavírus. A especulação a respeito da eficiência do medicamento começou após estudos realizados na Austrália, mas ainda não há nenhuma evidência comprovada.

A reportagem do PAT fez contato com várias farmácias em Alegrete e a resposta foi de que não há mais medicamento disponível(ivermectina ). O preço estava em torno de 25 reais. Em algumas, os farmacêuticos disseram que há encomendas do medicamento, entretanto, não há ainda informação se as distribuidoras vão disponibilizar para as farmácias. Há relatos de que muitos clientes levavam muitas caixas do medicamento.

Por outro lado, infectologistas destacam que não tem indicação de utilidade eficaz e que até o momento nada  justifica que médicos devam prescrever o medicamento de forma profilática.

O receituário da ivermectina ganhou espaço após a divulgação de um estudo, desenvolvido em laboratório, “in vitro”, que mostrou capacidade de efeito antiviral contra a COVID-19, diminuindo a multiplicação do vírus. Porém, sem qualquer teste em animais ou humanos, explica a farmacêutica Aline Mourão, coordenadora do Grupo Técnico de Farmácia Clínica, do Conselho Regional de Farmácia de Minas Gerais (CRF-MG).

“Experiências ‘in vitro’ não comprovam efeito preventivo ou de tratamento em humanos. A posição do CRF é de não recomendar a prescrição, já que não há comprovação científica do benefício e ainda pode colocar a saúde em risco”, comentam os infectologistas.

A ivermectina é um antiparasitário antigo no mercado, usado sob prescrição no tratamento de pediculose, escabiose, ascaridíase, filariose, estrongiloidíase intestinal e oncocercose. Geralmente é prescrito para esses casos em dose única, e em alguns casos repetida uma ou duas semanas depois. Ainda não há estudos sobre os efeitos de seu uso contínuo.

Já os farmacêuticos destacam  que a ivermectina é um medicamento que não fixa no organismo. Depois da dose única ou de repeti-la, é eliminada pelas fezes em três dias. Então, essa dose que vem sendo recomendada é para casos de parasitas e vermes, não para um tratamento prolongado. Para efeito preventivo, deveria ser de uso contínuo. Não há qualquer literatura científica que descreva qual a dose máxima suportada pelo organismo humano”, ressalta Aline Mourão.

A reportagem também recebeu ligações de pessoas que precisam fazer uso da medicação, como foi o caso de uma professora e, não encontrou na cidade. “Fui em várias farmácias e muitos atendentes disseram que clientes chegaram a adquiri 15 caixas, isso é egoísmo com as pessoas que precisam de fato fazer uso. É um absurdo, comentou.

Reações adversas potenciais da ivermectina

  1. Cardiovasculares: Hipotensão ortostática
  2. Dermatológicas: Erupções cutâneas, urticária, prurido. Há relatos de reações como Síndrome de Stevens-Johnson e Necrólise Epidérmica Tóxica
  3. Gastrintestinais: Náusea, vômito, diarreia, dor abdominal, constipação
  4. Hepáticas: Hepatite, elevação de enzimas hepáticas
  5. Neurológicas: Convulsões, tontura, confusão, sonolência
  6. Oftálmicas: Visão borrada, conjuntivite, hemorragia

O que se sabe é que inúmeras terapias estão sendo avaliadas no tratamento da Covid-19, porém, ainda nenhuma foi comprovadamente eficaz. No início, em março, depois do anúncio realizado pelo  presidente dos EUA, Donald Trump, de que o medicamento, hidroxicloroquina, utilizado no tratamento de malária seria eficaz  para pacientes de covid-19, a venda nas farmácias de Alegrete também foi considerável e o produto sumiu das prateleiras em menos de 24h.

O que muitos médicos ressaltam é que o vírus ainda é um desafio para a medicina. De eficaz, somente a vacina que está literalmente sendo uma corrida contra o tempo para apresentar algo que realmente possa ser testado em humanos e dê resultado. O receio é que as pessoas possam vir a pensar que o uso desta medicação possa deixá-los imunes ao vírus e, até mesmo passem a não valorizar as medidas de prevenção como máscaras e higienização, além de evitar aglomerações. Por esse motivo, muitos fazem alertas de que o uso da ivermectina não é a solução, ela até pode em alguns organismos minimizar o efeito do vírus, mas isso não há uma comprovação científica como já vem sendo destacado por informativos técnicos do CRF-RS e do portal PEBMED (um site renomado de conteúdos médicos)

O coronavírus é uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.  A transmissão costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

A recomendação, como prevenção,  é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas.