Aulas das redes pública e privada retornam a partir de 1º de junho com ensino à distância no RS

Secretaria Estadual da Educação prioriza volta gradual com adoção de protocolos de acordo com as bandeiras do modelo de distanciamento controlado de cada região. Retorno presencial só deve acontecer a partir de julho.

O governo do Rio Grande do Sul apresentou, na tarde desta quarta-feira (27), o calendário de retomada da educação no estado após a suspensão das aulas presenciais em função da pandemia de coronavírus. As aulas das redes pública e privada devem reiniciar a partir de 1º de junho no modelo de ensino à distância (EAD). Já o retorno presencial só deve acontecer a partir de julho.

A Secretaria Estadual da Educação apresentou as cinco etapas em que devem ocorrer a volta. Na primeira, o ensino remoto será feito com apoio da plataforma Google Classroom. A proposta é espelhar a escola no ambiente digital com a criação, apenas para a rede estadual, de 37 mil turmas virtuais.

De acordo com o governador Eduardo Leite, houve investimento na qualificação do sinal de internet e de equipamentos tecnológicos para atender os cerca de 2,75 milhões de estudantes no estado.

“Existem realidades diversas e não podemos deixar ninguém para trás. A ferramenta é um modelo híbrido. Vamos ter que identificar caso a caso para garantir que cheguem a esses conteúdos”, afirma.

“A gente sabe que é um estado grande, com características diversas, com escolas indígenas, quilombolas e rurais. Mas não podemos penalizar mais de 85% da rede que tem capacidade de acessar a rede, mas que nunca se fez por falta de iniciativa. Chegou o ponto de buscamos alternativas, e esse é o momento”, acrescenta o secretário da Educação, Faisal Karam.

O Sindicato do Ensino Privado (Sinepe) afirma que, assim que a portaria for publicada — o que deve ocorrer na sexta (29) —, realizará reunião com as instituições associadas para análise da implementação das medidas. A recomendação é que as instituições sigam as determinações anunciadas e que, em junho, se dê continuidade ao ensino remoto, o qual já vem sendo oferecido pela rede privada desde março.

“Entendemos que o governo está fazendo um trabalho técnico e baseado em dados científicos”, comenta o presidente do sindicato, Bruno Eizerik.

Na segunda etapa, que deve iniciar em 15 de junho, será permitida a volta do ensino superior, pós-graduações, ensino técnico e cursos livres, como escolas profissionalizantes, de idiomas, artes ou similares. Contudo, o retorno presencial é restrito às atividades práticas essenciais de conclusão do curso, pesquisa, estágio curricular obrigatório e atividades em laboratórios.

Isto porque, somados, o governo estima que cerca de 141 mil estudantes desses segmentos voltem a circular, o que representa 5% do total de alunos do estado.

“Cursos livres não são diários. Não sai todo mundo ao mesmo tempo”, observa a secretária de Planejamento, Leany Lemos.

Protocolos conforme cor de bandeira

Mesmo assim, os protocolos de segurança devem ser obedecidos de acordo com a classificação das bandeiras de cada região. A secretária estadual de Saúde, Arita Bergmann, diz que será avaliado desde o transporte escolar até a chegada dos alunos às escolas.

“Vamos criar uma relação da educação com a rede de saúde”, aponta.

Como o estado está apenas com as bandeiras amarela e laranja, as aulas desses segmentos devem respeitar o teto de 50% de ocupação das salas. Veja abaixo:

Obrigatório (todas as bandeiras e todas as instituições)

  • Teto de operação
  • Teto de ocupação de salas
  • Modo de operação
  • Horário de Funcionamento
  • Comitês Operacionais de Emergência em Saúde
  • Plano de contingência (escolas acima de 100 pessoas)
  • Uso de máscaras
  • Distanciamento entre as pessoas (1,5m com máscara e 2m sem máscara)
  • Afastamento de casos positivos
  • Atendimento especial a grupos de risco
  • Higienização (ambiente, trabalhadores e público)
  • EPI

Recomendável (variáveis por bandeiras)

  • Informativos visíveis
  • Monitoramento de temperaturas
  • Testagem

Aulas presenciais apenas em julho

As duas primeiras fases estão estipuladas. As três etapas seguintes, entretanto, ainda dependem da análise da propagação do coronavírus e da observação do aumento da circulação de pessoas em junho.

“A gente planeja algo gradual, porque a prioridade é a proteção à vida e à saúde das pessoas”, diz o governador. “Cada momento pode ser antecipado, se a situação melhorar, ou postergado, se piorar. Vivemos ainda um quadro de incertezas no mundo inteiro”, pontua.

O objetivo é priorizar o retorno da educação infantil a partir de 1º de julho. Nesta etapa, as cerca de 458 mil crianças poderão voltar à rotina escolar, em especial das 28,8% mais pobres que estão em creches e das 20,5% de baixa renda que dependem da estrutura de segurança e alimentação das pré-escolas.

“Pais que possam deixar os alunos em casa, podem manter, e é ate é recomendável. Mas muitos não podem, e a escola é o auxilio”, diz Leite.

Depois, devem retornar ao ensino presencial os estudantes de ensino fundamental, médio e de jovens e adultos. Também nesses casos, contudo, será necessário respeitar protocolos de segurança obrigatórios e recomendados.

“A cada 15 dias estaremos avaliando as próximas etapas”, sublinha Faisal.

As datas não estão determinadas, mas devem acontecer entre 3 de agosto (liberando, em um cenário mais conservador, 21% dos alunos e, em um mais flexível, 38%) e 14 de setembro (a totalidade).

69 dias sem aulas

As aulas estão suspensas desde 19 de março. A partir da data da suspensão, até o dia 30 de abril, a Secretaria Estadual de Educação promoveu aulas programadas.

Segundo a Seduc, diversos recursos foram utilizados pelos professores, desde a distribuição presencial de tarefas e materiais didáticos aos pais ou responsáveis até a utilização de plataformas digitais e rede sociais.

O recesso escolar, que estava previsto para o mês de julho, foi antecipado para a primeira quinzena de maio. As aulas online permanecem suspensas até o dia 29 de maio.

Fonte: G1