Ciclone-bomba: entenda o fenômeno que atinge o RS

Evento causa temporais e vento acima de 100 km/h; Inmet emitiu alerta para a região

Os temporais associados às fortes rajadas de vento que atingem o Rio Grande do Sul nesta terça-feira (30) são causados, segundo meteorologistas, por um fenômeno chamado de ciclone-bomba. Trata-se de uma espécie de ciclone extratropical — ou seja, formado em latitudes médias, distante dos trópicos —, mas ainda mais intenso.

 

O ciclone-bomba armou-se de maneira muito rápida sobre o sul do país, entre segunda (29) e terça-feira. A previsão indica que o fenômeno irá se afastar para o oceano a partir de quarta-feira (1º). Por isso, volumes de chuva bastante expressivos e vento acima de 100 km/h são esperados para as próximas horas em todos os municípios gaúchos, especialmente naqueles situados mais ao Leste.

Por causa dos riscos provocados pelo ciclone-bomba, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta para os três Estados do sul do país — Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Para esta terça-feira, o Inmet alerta para a possibilidade de chuva de até cem milímetros e vento entre 60 km/h e 100 km/h. Também há chance de queda de granizo.

Para quarta-feira, o instituto também prevê rajadas entre 60 km/h e 100 km/h e comunica que há perigo de queda de árvores, destelhamento de casas e danos em edificações e plantações. Meteorologista do Inmet, Heráclio Alves afirma que, entre esta noite e a próxima manhã, o ciclone bomba será ainda mais agudo.

— Ele atuará de maneira mais intensa à medida que se deslocará para o oceano. Uma queda muito brusca de pressão em uma velocidade muito alta provoca esse aumento da intensidade do vento e do volume de chuva — diz Alves.

O ciclone-bomba acontece quando a pressão atmosférica despenca de maneira muito rápida em um curto período de tempo. Tecnicamente, de acordo com o meteorologista, o fenômeno se dá no momento em que a pressão atmosférica no centro de um ciclone cai, em média, um hectopascal (unidade padrão de pressão) por hora.

O alívio virá ao longo da quarta-feira, à medida que o fenômeno se deslocará para o Oceano Atlântico e perderá intensidade. O fenômeno será substituído pelo frio intenso na Região Sul.

— A principal característica desse ciclone é sua formação muito rápida. Foi justamente o que aconteceu entre ontem (segunda-feira) e hoje (terça-feira) na costa do Rio Grande do Sul. É um fenômeno bastante intenso. Toda essa chuva está associada a ele, e o mar também está bastante agitado — complementa Gabriele Goulart, meteorologista da Somar Meteorologia.

 Marinha ainda emitiu um alerta de possibilidade de ressaca para o mar, com ondas entre três e quatro metros de altura no litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

A meteorologista Dóris Palma, também da Somar, disse que, embora ciclones extratropicais sejam comuns nesta época do ano, por estarem associados à formação de frentes frias, essa queda rápida de pressão no centro do sistema é um pouco mais rara.

“Um ciclone-bomba nada mais é do que uma área de baixa pressão que apresenta uma queda mais rápida na pressão atmosférica de 24 hPa (hectopascais) ou mais em um período de 24 horas. Este fator é o que diferencia um ciclone normal e um ciclone-bomba”, explicou, por e-mail.

Fonte: Gaúcha ZH