“É uma armação contra mim”, diz ex-marido de professora desaparecida em Pelotas

Em entrevista a Zero Hora, João Morato Fernandes, denunciado pelo MP, diz que nunca ameaçou a professora Cláudia Pinho Hartleben, sumida desde abril

Na última sexta-feira, o Ministério Público de Pelotas denunciou por homicídioqualificado o ex-marido da professora Cláudia Hartleben, que está desaparecida desde abril deste ano no sul do Estado.

Na mesma denúncia está seu filho com Cláudia, João Félix Hartleben. Nenhum dos dois aceitou fazer teste com o detector de mentiras, e ambos estão em liberdade — o MP não pediu prisão preventiva.

Nesta entrevista a ZH por telefone, João Morato se defendeu: para ele, está sendo vítima de armação. Confira:

O MP denunciou o senhor e seu filho pelo desaparecimento da professora Cláudia. O que o  senhor tem a dizer sobre isso?
João Morato Fernandes — Não tenho nada a dizer sobre isso. Não sei de nada.

Não sabe de nada?
Não. Sei por notícia de jornal que eu e meu filho fomos denunciados. É só o que eu sei.

O senhor  tem ou não envolvimento no caso?
Não. Claro que não.

O senhor se negou, em dois momentos, a submeter-se ao detector de mentiras. Por que razão?
Foi aconselhamento do meu advogado e não tenho confiança, também, na máquina.

O senhor sabe o que aconteceu com a professora?
Não tenho a menor ideia.

A família e amigos da professora afirmam que o senhor a ameaçava…
É tudo mentira. Nunca ameacei ela.

Como o senhor recebeu a denúncia contra o senhor?
Como é que tu acha que a gente recebe uma notícia dessas, tendo a consciência limpa, sabendo que não tem nada a ver com a coisa? Como uma armação, uma coisa que estão forçando uma barra, uma situação contra mim. Tenho que lamentar e me defender. A situação que estou é essa.

Há relatos de que o senhor não aceitava a separação…
É tudo mentira. Tanto é que tive uma separação consensual, fiquei um ano morando lá e depois saí, não deu mais. Nunca tive este tipo de externação da minha parte de não ter aceitado. Aceitei.

Como o senhor avalia a denúncia contra seu filho?
Também é uma surpresa. São coisas que estão sendo, como eu disse, é uma questão de opinião pública. Sinceramente, por que estão fazendo isso, não sei.

O que o senhor acha que aconteceu com a Cláudia?
Não tenho ideia, já disse, não tenho ideia.

O senhor tem ideia de quem possa ser o responsável pelo desaparecimento?
Também não.

O senhor vai recorrer ao TJ?
Ainda não conversei com meu advogado. Só vou falar à tarde. Vou seguir o procedimento que ele aconselhar.

O senhor está tranquilo em relação a sua defesa?
Tô. Bem tranquilo em relação a isso.

Está tranquilo porque é inocente?
É claro. Tô tranquilo porque sou inocente.

Obrigado por ter me atendido…
Faz teu trabalho sério. Seja sério no teu trabalho. É isso que nós estamos precisando, gente mais séria. Estou sofrendo uma injustiça.