Em 16 semanas, mortes por síndromes respiratórias graves aumentam 7 vezes no RS

De 29 de dezembro a 18 de abril 2.542 pessoas foram internadas com SRAG, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. No mesmo período do ano passado, foram 311 pacientes.

Em 16 semanas, o número de pessoas que morreram após serem internadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Rio Grande do Sul foi sete vezes maior do que o registrado no mesmo período do ano anterior. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, de 29 de dezembro até 18 de abril, 260 pacientes morreram da doença.

A SES contabiliza os casos em semanas epidemiológicas, que começam aos domingos. No ano passado, o período de comparação foi do dia 30 de dezembro de 2018 até 20 de abril de 2019. Nestas 16 semanas, foram registradas 37 mortes por SRAG.

O número de notificações de SRAG cresceu 15 dias após o registro do primeiro caso de Covid-19 no Rio Grande do Sul, de acordo com o boletim da SES. Em 2020, até o último sábado (18), o estado teve 2.542 pessoas internadas pela doença, contra 311 no mesmo período do ano passado.

Veja abaixo a comparação com os últimos anos.

Casos de hospitalizações por SRAG
Dados são das 16 primeiras semanas de cada ano
Fonte: SES

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, até o sábado, eram 894 casos confirmados de coronavírus no estado. Deste total, 300 foram notificados como Síndrome Respiratória Aguda Grave com hospitalização, e 25 morreram.

De acordo com o chefe do serviço de infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Eduardo Sprinz, os números apontam uma subnotificação dos casos do novo coronavírus no estado.

“Algumas razões podem ser elencadas, e não são excludentes. Primeiro, o problema de amostra com problema ou sua execução. Segundo, que quadros de SRAG associadas à Covid-19 geralmente são mais tardios e podem ter PCRs [testes de diagnósticos] falsamente negativos”, explica Sprinz.

Para Eduardo Sprinz, a disparidade nos número pode estar associada ao diagnóstico tardio do coronavírus.

“Geralmente, ocorre entre o sétimo e 14º dia após o início dos sintomas. Acredita-se que o nosso organismo reaja de uma forma anormal do ponto de vista imunológico”, pontua.

Levantamento da Fiocruz

O registro total de casos de SRAG também é maior do que o registrado no ano passado. Segundo um levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), nos primeiros quatro meses do ano foram 1.875 casos no RS. Um aumento de 9,5 vezes em relação a 2019, quando foram notificadfos 196 casos de síndrome respiratória aguda grave de.

Em ambos os monitoramentos, a curva de internações cresceu na segunda quinzena de março, depois do primeiro caso de Covid-19 no estado.

“O coronavírus é uma das causas da síndrome respiratória grave aguda, aquela condição em que se tem febre, falta de ar, pneumonia, que é a inflamação dos pulmões”, diz o médico pneumologista Marcelo Gazzana.

Outra preocupação é que o clima úmido e frio típico do estado acentua os problemas respiratórios a partir de maio. Nos últimos quatro anos, segundo a Fiocruz, o RS ficou em terceiro lugar entre os estados com mais internações por SRAG.

Para a especialista em Saúde da secretaria, Letícia Martins, esse histórico somado ao novo coronavírus pode colaborar para a superlotação dos leitos nos hospitais gaúchos.

“Os outros vírus vão começar novamente a sua circulação no seu período de sazonalidade. Além do coronavírus, teremos o influenza e outros vírus respiratórios também pesando nas notificações da rede SUS”, alerta Letícia.

O pico da Covid-19 é esperado para os meses de maio e junho, conforme o Ministério da Saúde. O que reforça a importância da antecipação do distanciamento social.

“Existe sempre uma dúvida: será que não foi cedo demais? Não. A gente está assim justamente porque parou na hora certa. O grande desafio é saber quando voltar”, afirma Gazzana.

Fonte:G1