Ensino privado no RS enfrenta alta na inadimplência, cancelamento de matrículas e demissões

Segundo levantamento de sindicato, maio registrou aumento na inadimplência de 24,4% em relação ao mesmo mês do ano passado. Nas universidades, situação preocupa e pode levar a demissões e fechamentos, diz presidente do Sinepe.

As escolas particulares do Rio Grande do Sul enfrentam um cenário de alta na inadimplência, cancelamento de matrículas e demissões. Levantamento do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sil (Sinepe/RS), com dados de maio, mostra como as consequências dos efeitos da pandemia do coronavírus estão afetando as creches, escolas e universidades.

Todo o ensino presencial do estado está com as atividades suspensas, desde 19 de maio. Não há previsão de retorno. O governo estadual realizou uma consulta junto às entidades de educação para elaborar as diretrizes da retomada.

Para o estudo, foram consultadas 163 escolas de educação básica e 11 instituições de ensino superior, de um total de quase 900 entidades de ensino particulares do RS.

No ensino básico, o índice de inadimplência chegou a 19,6% em maio, o que significa um aumento médio de 24,4% com relação ao ano passado, diz o Sinepe.

Em relação aos níveis de ensino, os níveis da inadimplência são:

  • Educação infantil – 18,3%
  • Anos iniciais do ensino fundamental – 17%
  • Anos finais – 16,7%
  • Ensino médio -15,3%

O Sinepe salienta que em relação ao mês anterior, abril, os índices foram um pouco menores:

  • Educação infantil – 19,4%
  • Anos iniciais – 18,8%
  • Anos finais – 18,6%
  • Ensino médio – 17,7%

“Não estamos em uma bolha, sabemos que em muitas famílias, os responsáveis pelo pagamento das mensalidades perderam seus empregos ou reduziram drasticamente suas rendas, e isso acaba refletindo na escola”, observa o presidente do Sinepe, Bruno Eizerik.

Segundo ele, as instituições têm se esforçado em conceder descontos, medida tomada por mais de 80% das escolas particulares. “Muitos pais não conseguiram seguir pagando a mensalidade”, destaca.

O cancelamento de matrículas também preocupa: 7,5% alunos deixaram suas escolas particulares em maio, segundo o levantamento. A educação infantil é a que mais registrou cancelamentos: foram 16%. Os demais níveis de ensino não chegam a 3%.

Estes índices acarretam em um crescimento nas matrículas do ensino público: conforme a Secretaria Estadual de Educação, desde o início da pandemia do coronavírus, cerca de 3,5 mil estudantes foram matriculados vindos das escolas privadas, em todos os níveis de ensino.

Considerando apenas Porto Alegre, a Secretaria Municipal de Educação registra o cadastro de 120 estudantes para ingressar no ensino fundamental, e aproximadamente 150 no ensino infantil. No caso do município, não é possível saber se todos os estudantes interessados vêm da ensino privado.

A pasta salienta que os alunos ainda não estão matriculados, devido ao período de suspensão de atividades presenciais, e que eles devem ser integrados às turmas do município assim que as aulas forem retomadas.

Situação crítica nas universidades

Os números apresentados pelas universidades participantes da pesquisa causam ainda mais preocupação, segundo o presidente do Sinepe. “Corremos um sério risco de muitas demissões no setor, bem como de fechamento de instituições de ensino superior”, .

A taxa média de inadimplência chegou a 23% em maio, estável em relação a abril. Porém, na comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento médio foi de 34,6%.

O cancelamento está em 13,8%, três vezes mais do que em abril. E as demissões atingiram quase metade das instituições: 45,5% precisaram dispensar seus quadros, dos quais 20% eram professores.

“O setor já está com dificuldades há algum tempo, em função da crise econômica e do fim do crédito educacional público (FIES). Havia uma boa expectativa para este ano, em função da retomada na economia, mas com a pandemia a situação se agravou”, afirma Bruno Eizerik.

Fonte: G1