O jovem porto-alegrense Guilherme Nazareth de Souza, 19, foi selecionado para a turma inaugural do Projeto Minerva, modelo americano de inovação para o Ensino Superior
Um jovem natural de Porto Alegre será o único brasileiro a integrar a primeira turma da “universidade dos sonhos” — uma espécie de apelido carinhoso para o Projeto Minerva, um inédito modelo americano de Ensino Superior. Guilherme Nazareth de Souza, 19 anos, vai fazer o que todo universitário imagina como ideal: viajar o mundo estudando o que gosta. E o melhor: com auxílio financeiro da própria instituição.
Depois de largar o curso de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e encarar um processo seletivo no mínimo duas vezes mais concorrido que os das universidades americanas tradicionais, como Harvard e Stanford, o estudante embarca amanhã para São Francisco, nos Estados Unidos. Junto a outros 44 privilegiados, representantes de 13 países, ele estreia uma experiência de ensino considerada promissora. A Universidade Minerva, reconhecida pelo governo americano, pretende reinventar o jeito de formar seus alunos — a começar pelas salas de aula, inexistentes.
Os universitários acompanham as atividades letivas em tempo real, a partir de computadores, microfones e webcams instalados nos próprios quartos. Parece confortável, mas exige atenção: para além das provas de fim de semestre, o aluno é constantemente avaliado pela sua participação nos debates. Na Minerva, o aluno recebe nota não só pelo que argumentou nas discussões, mas também pela maneira como se expressou.
— É uma proposta interativa que contrapõe o modelo unilateral que observamos hoje nas universidades — diz, sobre o motivo que o fez abandonar a UFRGS para tentar a vaga na instituição americana.
— Os professores faziam aulas de recapitulação de conteúdos que todo mundo já deveria saber. Perdia-se muito tempo — exemplifica.
A seleção incluiu preenchimento de formulário, análise de notas do período escolar, observação de atividades extraclasse (trabalho voluntário, por exemplo), teste de QI, provas de matemática, proficiência em inglês e, por fim (ufa!), entrevista.
A melhor parte é que, depois do primeiro ano de atividades na Califórnia, os alunos mudam de país a cada semestre (a duração do curso é de quatro anos). Outros destinos ainda não foram definidos, mas Guilherme já sabe que conhecerá Buenos Aires, capital argentina, e Berlim, na Alemanha — e a expectativa do guri que nunca morou fora do Brasil é alta.
— Estudar dentro de realidades tão diferentes é muito interessante. Espero que isso contribua para que a gente desenvolva uma visão mais global das coisas — afirma o jovem, que, assim como todos os integrantes da turma inaugural, vai receber bolsa integral de estudos, cerca de R$ 50 mil, incluindo a anuidade do curso, hospedagem e alimentação.
Fonte: Zero Hora