
Recentemente, a fazenda de Almir Paim, localizada no rincão do 28, região de Catimbau/Caverá, foi palco de uma das tradições mais antigas e emblemáticas do sul: a marcação e castração de terneiros. O evento reuniu peões e admiradores da cultura campeira, proporcionando uma imersão completa nas práticas que moldam o caráter e preservam a identidade rural.
Após o procedimento, as fêmeas foram laçadas em uma demonstração de habilidade conhecida como “pialo”, mantendo viva uma técnica essencial do manejo bovino. Os testículos dos terneiros, conhecidos como ovos, foram imediatamente colocados na brasa e depois jogados na salmoura, sendo servidos aos presentes, num gesto que simboliza tanto a tradição quanto a união da comunidade.
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O clima um tanto frio no Rincão do 28 não intimidou os participantes. Vindos de lugares como Taquara, alguns visitantes ficaram hospedados na fazenda, aproveitando a hospitalidade local. Na noite anterior à marcação, um momento especial foi compartilhado ao redor do fogo, onde tatu enfarofado foi preparado e gaitas embalaram a noite, reforçando os laços entre os presentes.
A vida campeira, ilustrada por eventos como este, é marcada pelo relincho da manada e o constante desafio das estações. A lida de mangueira, que dura o dia inteiro, é uma atividade que molda o caráter dos homens e mulheres que a realizam com determinação. Essa prática não é apenas um trabalho árduo, mas uma expressão da cultura que sustenta gerações e enriquece a alma rural.
Historicamente, a castração dos bovinos tinha como objetivo principal acalmar os machos. Com o tempo, esse procedimento evoluiu para atender às necessidades dos pecuaristas, que buscavam melhorar a qualidade da carne e assegurar a sanidade dos animais. Hoje, essa tradição continua a ser uma parte vital do manejo bovino, mantendo-se fiel às suas raízes enquanto se adapta às exigências contemporâneas da pecuária.
O evento no Rincão do 28 é mais do que uma simples prática de manejo; é uma celebração da cultura campeira e um testemunho da resiliência e camaradagem que definem a vida no campo. Entre a fumaça da brasa e o som das gaitas, a tradição continua a prosperar, passada de geração em geração, garantindo que a essência da vida campeira permaneça viva.