Golpes e crimes virtuais aumentam durante a pandemia no RS

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, estelionato cresceu 25% durante o isolamento social, em comparação com o mesmo período do ano passado. Especialista dá dicas de como evitar cair em fraudes.

Desde o início do ano, mais de 1 milhão de golpes ou tentativas de golpes virtuais foram identificados no Rio Grande do Sul. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), os crimes de estelionato aumentaram 25% durante a pandemia em comparação com o mesmo período do ano passado.

Em Porto Alegre, o universitário João Pedro Simch comprou um computador pela internet. Só que o produto nunca chegou.

Tudo parecia real. A foto do computador na casa da vendedora, e até a suposta identidade dela enviada pelo celular. Para passar a ideia de que era uma família, tinha até um vídeo da suposta filhinha. João Pedro contou que tudo levava a crer que era um negócio seguro.

“Eu pedi que ela mandasse uma foto do documento dela, eu mandei do meu também para ter um pouco mais de segurança de fazer a transação”, acrescenta.r, me mandar vídeos dela dando comida para as filhas bebês, fez todo um teatro que foi bastante convincente para mim”, conta.

“Eu pedi que ela mandasse uma foto do documento dela, eu mandei do meu também para ter um pouco mais de segurança de fazer a transação”, acrescenta.

O universitário combinou que só ia fazer o pagamento no momento em que a mulher postasse o computador no correio.

“Eu fiz o pagamento e uma pessoa me mandou foto da agência de correio, ela me mandou foto de um comprovante com o meu nome, que depois eu identifiquei que era uma imagem editada. O produto nunca chegou, e quando eu fui comentar com a pessoa, ela já tinha me bloqueado no WhatsApp”, afirma João Pedro.

O prejuízo foi de cerca de R$ 2 mil.

“É um dinheiro que eu tinha guardado, não é um dinheiro que tinha sobrando pra mim. Foi muito preocupante porque é um instrumento de trabalho, eu sou aluno de universidade, eu preciso de um computador pra estudo e tudo mais. Então eu não tive outra opção a não ser entrar na Justiça para correr atrás dos meus direitos porque como é que a plataforma me coloca em contato com uma pessoa golpista? Como que eles não fazem nenhuma verificação dos dados dos usuários que se cadastram para vender produtos”, questiona.

A diretora executiva do Procon de Porto Alegre, Fernanda Borges, relata os cuidados que são necessários na hora de fazer a compra.

“Nos classificados virtuais, o consumidor deve redobrar todo o tipo de cautela. Ele deve desconfiar de imagens muito atrativas, que pareçam, realmente, imagens profissionais, e buscar sempre antes de fechar qualquer negócio, manter um contato mais direto, ter mais informações com esse vendedor. E, se possível, apenas efetuar o pagamento presencialmente, ou depois de ter vistoriado as condições do produto que ele pretende adquirir”, afirma.

A dona de casa Silvana Ribeiro de Moura, de Tramandaí, no Litoral Norte, decidiu ajudar o pai. Ele queria renegociar as parcelas do carro, mas quando ela ligou para o banco acabou caindo em uma armadilha.

A ligação foi redirecionada para um endereço de internet muito parecido com a página oficial do banco, e de lá, para um aplicativo de mensagens. No final, eles ficaram com um prejuízo de R$ 744.

“Aí eu fui clicando no passo a passo. Eu fui indo até aparecer um WhatsApp, e veio as opções se eu quisesse prorrogar a parcela eu adiantaria com desconto. Eu adiantei a parcela, e não apareceu o pagamento até hoje. Aí, eles me bloquearam”, conta.

Número de golpes cresce durante a pandemia — Foto: Reprodução/RBS TV

Número de golpes cresce durante a pandemia — Foto: Reprodução/RBS TV

A reportagem da RBS TV pediu para o especialista em tecnologia Ronaldo Prass examinar o celular que a Silvana usou para ligar para o banco.

“Ele foi infectado por um programa malicioso. Ela deve ter recebido um link através de mensagem de WhatsApp. Aí, ela achando que estava em comunicação com o canal oficial da instituição, acabou recebendo um arquivo. Ele induz ela ao pagamento de um boleto falso. E aí é que o golpe ocorre”, explica.

O especialista recomenda que as pessoas desconfiem de tudo o que recebem pelo celular.

“Evitar baixar links por mensagens de WhatsApp ou aplicativos semelhantes. Links recebidos por mensagens ali eles têm grandes chances de te direcionar a algum tipo de fraude. Quando acessar páginas, verificar o endereço que está sendo acessado, e antes de informar algum dado pessoal, qualquer dado, verificar, fazer uma pesquisa paralela, para ver se aquele endereço realmente corresponde a instituição. E o principal, jamais informar dados relacionados a documento ou mesmo tokens, códigos de verificação por mensagem de SMS. Porque isso também abre possibilidade pra outras fraudes”, afirma.

O banco Santander informou que mantém uma agenda de orientações para evitar fraudes através de aplicativos de mensagens. E que a autenticidade dos sites de instituições financeiras deve sempre ser verificada pelos usuários.

Em nota, a Federação Brasileira de Bancos disse que as tentativas de golpes virtuais subiram 45% desde o início da pandemia.

Saiba como evitar cair em golpes virtuais