Internações diárias por Covid voltam a subir no RS; regiões registram superlotação de UTIs

Há nove dias, total de pacientes internados com Covid é maior do que os que recebem alta. Cidades como Cachoeira do Sul e Vacaria alertam para esgotamento da capacidade de atendimento.

número de pacientes com Covid internados em leitos clínicos e de unidades de terapia intensiva (UTIs) voltou a subir no Rio Grande do Sul. De acordo com o Comitê de Dados do governo do estado, a média de novas hospitalizações chegou a oito por dia no domingo (16).

O indicador é baixo. Entretanto, há nove dias, entram mais pacientes com coronavírus do que saem no sistema hospitalar do RS – o que não ocorria desde 16 de março.

Para a professora de epidemiologia e reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Lucia Pellanda, o momento exige atenção e cuidado. Mesmo o RS tendo indicadores de casos e internações mais baixos do que os vistos em março, eles seguem em um patamar elevado, apontou.

“Este é o momento de, ou a gente preservar o benefício que conseguiu caindo [dos patamares mais altos], ou botar tudo a perder”, avaliou.

Pellanda ainda ressalta que o avanço da vacinação pode evitar que o estado volte a ter curvas exponenciais de casos e internações. Todavia, a imunização sem cuidados não basta.

“Como a vacinação avançou nos grupos de mais idade, isso pode ter um impacto mais positivo na ocupação de leitos, esses grupos mais vulneráveis terem menos internações. Só que, em outros países, em que a gente observa só a vacinação sem os cuidados da sociedade, o número de casos subiu igual. É um elemento bom, porém a gente não sabe se vai ser suficiente”, comentou.

Na tarde desta segunda-feira (17), o RS tinha 4.355 pessoas com coronavírus internadas, sendo 1.714 em UTIs e 2.641 em leitos clínicos. O número é quase duas vezes maior do que o registrado em fevereiro, antes do terceiro pico de agravamento da pandemia no estado.

Superlotação de UTIs

 

Nas UTIs, a taxa de ocupação de leitos, que soma pessoas com e sem coronavírus, é de 78% em todo o estado. Ainda que esteja distante do esgotamento, cenário visto em março no RS, a situação de algumas regiões preocupa.

A região de Cachoeira do Sul, que compreende 12 municípios, opera com ocupação de 150% das 20 vagas críticas disponíveis em oito hospitais. O nível de atendimento chegou a baixar do limite na segunda quinzena de abril, mas voltou a crescer em maio.

A Prefeitura de Cachoeira do Sul decidiu não flexibilizar as normas de distanciamento, mesmo com o novo decreto estadual em vigor. O superintendente do Hospital de Caridade e Beneficência do município, Luciano Morschel, teme que novas contaminações por coronavírus prejudiquem o atendimento na unidade.

“O mais preocupante ainda é que o número de casos novos continua aumentando. Então tem a tendência de precisarmos mais ainda de leitos pela elevação do número de pacientes que se agravam em decorrência dessas novas contaminações”, alertou.

As regiões de Palmeira das Missões, Santo Ângelo e Uruguaiana também operam no limite ou acima de 100% da capacidade.

Na cidade de Vacaria, na Região dos Campos de Cima da Serra, havia 19 pacientes internados em 18 leitos de UTI no início da tarde desta segunda. Nas vagas clínicas, são 124 hospitalizados.

A cidade registrou a maior taxa de infectados desde o início da pandemia, com 935 pessoas em isolamento domiciliar. O secretário de Saúde, Alaídes Paim, pede que os pacientes do município sejam transferidos para outras regiões.

“Nós, enquanto administração municipal, estamos muito preocupados com a situação. Estamos com o hospital praticamente com sua estrutura toda lotada, bem como a nossa UPA também. Está com o atendimento sobrecarregado, além da sua capacidade técnica”, disse.

Fonte: G1