Investigados em fraude das próteses no RS pretendiam deixar o país

Polícia apreendeu passaportes de nove pessoas nesta quinta-feira (15).
Operação cumpriu 21 mandados de busca e apreensão em seis cidades.

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A Polícia Civil apreendeu nesta quinta-feira (15) passaportes de nove pessoas suspeitas de envolvimento com a máfia das próteses no Rio Grande do Sul. Segundo as investigações, pelo menos três deles pretendiam viajar para o exterior nos próximos dias.

Uma operação que contou com a participação de mais de 100 policiais recolheu provas contra médicos, advogados e empresas distribuidoras de próteses. Foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão nas cidades de Porto Alegre, Canoas, Gravataí, Xangri-Lá, Pelotas e Rio Grande.

Como havia a suspeita de que três envolvidos no esquema viajariam para o exterior – um deles embarcaria nesta sexta-feira (15) para Miami, nos Estados Unidos –, a Justiça ordenou a apreensão dos passaportes.

“Tínhamos informações de que pelo menos três dos envolvidos estavam já com passagem marcada, inclusive com a data de hoje ou amanhã para o exterior”, afirmou o delegado Daniel Mendelsky, da Delegacia Fazendária.

Os bens do médico Fernando Sanchis, da mulher dele e de outros quatro médicos foram bloqueados pela Justiça. O cirurgião é suspeito de falsificar documentos para obter na Justiça liminares para a realização de cirurgias superfaturadas bancadas com dinheiro público. O pedido de prisão do médico e de uma advogada, no entanto, foram negados.

Os agentes da Delegacia Fazendária chegaram sem avisar no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Canoas. Foram até a sala da direção em busca de prontuários de pacientes vítimas da máfia das próteses. O médico Fernando Sanchis era chefe da traumatologia do hospital.

“Foi procurado os prontuários médicos com ordem judicial, com autorização judicial, e comprovantes de despesa e pagamentos para verificar se havia ciência dos envolvidos da empreitada criminosa. Existe um indício de prova de que havia conhecimento de todos os envolvidos nas atividades uns dos outros”, disse o delegado Mendelski.

Os policiais também fizeram buscas no hospital dom João Becker, em Gravataí. Documentos foram recolhidos ainda em clínicas onde o médico atende na mesma cidade, em Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre.

O apartamento de luxo de Fernando Sanchis em Porto Alegre também foi alvo da operação. Na praia de Xangri-Lá, no Litoral Norte do estado, os agentes vasculharam a casa do ortopedista, avaliada em cerca de R$ 11 milhões, em busca de documentos.

A operação também atingiu fornecedores de próteses, incluindo a Intelimed. Orçamentos dessas empresas eram utilizados em pedidos de cirurgia superfaturados, encaminhados por médicos e advogados à Justiça, como revelou a reportagem do Fantástico. Em apenas 14 desses processos, investigados pela polícia há quatro meses, o prejuízo aos cofres públicos chega a R$ 2 milhões.

O advogado de Fernando Sanchis, Diego Marty, disse que respeita as ações desta quinta-feira feitas pela polícia, na opinião dele estritamente técnicas. Ele ponderou que pediu ao delegado acesso ao inquérito para saber do que trata a investigação e quais crimes estão sendo atribuídos ao seu cliente.

Fonte: G1