Marina Castilhos, memória viva e cultural de Alegrete

Marina da Rosa Castilhos nasceu em 25 de junho de 1949. Lá se vão 75 anos de uma trajetória de muita luta, resistência e um vasto legado cultural em Alegrete. Aos 13 anos, foi com a família para Porto Alegre. Foram 5 anos na Capital dos Gaúchos, ou melhor no Bairro Menino Deus.

Já maior de idade retornou a sua terra natal. Com 18 anos estudou no Emílio Zuñeda, fez o técnico em contabilidade e chegou a cursar 4 semestres do curso de Economia na Urcamp.

Mãe de três filhos, Geovani Castilhos, João Carlos e Aline Castilhos, tem três netos e reside na Rua Nossa Senhora do Carmo há décadas. “Essa casa era dos meus avós e ficou para família, minha vida é aqui”, explica Marina, logo dizendo que nunca brigou com os vizinhos.

A entrevista na sala de sua casa revela uma senhora do tempo, simpática, sorridente e bem informada dos acontecimentos, ela vai logo falando que botou a boca no trombone: – Fui uma das lesada nesse golpe do INSS, tiraram dinheiro da minha aposentadoria. Já acionei meu advogado” assevera.

A aposentada trabalhou por 10 anos no escritório de contabilidade do Arli Pinheiro, depois mais 13 anos no escritório contábil Vicente Almeida e acabou alcançando aposentadoria por idade, quando completou 60 anos.

Com 13 anos, na Escola de Samba Nós Os Ritmistas, foi rainha e desfilou como Porta-estandarte da escola no carnaval de rua de Alegrete. Em 1992, fez seu último desfile carnavalesco. Marina afirma que debutou com 13 anos na União Operária. Desde de criança frequentou o local e sempre fez parte da diretoria. Da época de ouro a reestruturação, ela não arredou o pé. A integrante do conselho fiscal diz que juntos vão recolocar a União Operária em pé de novo.

Marina relembra que seu avô tinha 8 filhos homens e seu pai João Castilhos trabalhava numa fábrica de charques onde hoje é o Parque de Máquinas, mas a profissão dele era padeiro. O terreno onde hoje é a União Operária, pertencia aos avós Pedro e Teodora Castilhos. “Eles doaram o espaço para recreação e lazer da comunidade”. Até hoje ela diz que sente uma dor no peito quando chamam a União de clube. “A União não é um clube. Quando falam isso me deixam doente. É uma entidade de classe”, atesta.

Integrante do movimento operário e político de Alegrete, em meio a entrevista, indagada se já sofrera preconceito, conta que sim. Foi em uma festa muito grande no Caixeiral. Convidada por um casal de amigos da alta sociedade alegretense, já estava sentada quando houve resistência por parte da organização em ela permanecer no local por causa da cor da pele. O ato foi logo sanado pelo casal de amigos e ela permaneceu na festa.

Marina participa dos encontros de benzedeiras de Alegrete. Faz benzeduras três vezes por semana em sua casa. Não dispensa uma boa prosa e um chimarrão na frente de casa na Nossa Senhora do Carmo, momento que ela apelidou de marinando.

Fotos: acervo pessoal e PAT

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