Nascidos entre 45 e 65 devem fazer exame que detecta hepatite C

O exame de sangue que diagnostica a hepatite C está disponível nas unidades básicas de saúde
O exame de sangue que diagnostica a hepatite C está disponível nas unidades básicas de saúde Foto: Michel Filho / O Globo

Nascidos entre 1945 e 1965 devem procurar uma unidade básica de saúde (postos ou Clínicas da Família) e fazer um teste de hepatite C. O alerta, dado no Brasil pela Associação Brasileira dos Portadores de Hepatite (ABPH), foi lançado nos Estados Unidos após a constatação de que essas pessoas têm cinco vezes mais riscos de estarem contaminadas.

A explicação é que tal geração cresceu numa época em que eram comuns o uso de seringas de vidro e transfusões de sangue não testados para a hepatite C, só descoberta em 1989.

Segundo o hepatologista Giovanni Faria Silva, da Universidade Estadual Paulista, a testagem é necessária porque a doença não apresenta sintomas em 95% dos casos, sendo comum o diagnóstico já em estágio avançado.

– Depois de 20 anos, a infecção evolui para cirrose em 25% dos pacientes, tudo de forma assintomática. A cirrose provoca a falência do fígado e, se não tratada, leva à morte – diz o médico.

O teste de hepatite C é feito por meio de exame de sangue, que detecta a presença de anticorpos contra o vírus no organismo. Caso dê positivo, um outro exame, que analisa o material genético do vírus, é feito. Mais um positivo aponta a necessidade de biópsia do fígado para indicação de tratamento.

O publicitário e presidente da ABPH, Humberto Silva, de 48 anos, conta que viveu 38 anos com a hepatite C sem saber. Há dez anos, ele foi ao médico, que solicitou o exame de sangue específico.

– Eu já estava com cirrose hepática. Descobri assim, em cima da hora. Se não fosse isso, estaria morto. Deus mandou um anjo para me anunciar a doença – conta Humberto, que contraiu o vírus aos 8 anos, quando se submeteu a uma cirurgia de apendicite. – Recebi sangue contaminado.