A promotora de Três Passos, Dinamárcia Maciel, disse em entrevista coletiva na tarde desta quinta, ao expor os detalhes da denúncia do Ministério Público sobre o caso da morte de Bernardo, que Leandro Boldrini, pai do menino, é o mentor intelectual do crime. “O convencimento do MP do Rio Grande do Sul é de que Leandro Boldrini tinha o controle, a decisão sobre a morte do filho. Foi ele quem patrocinou, autorizou o crime. A prova existe”.
Dinamárcia apresentou trechos de escutas telefônicas entre a família de Graciele e Leandro onde, segundo o MP, atestam a tese de que Leandro é o mentor do crime. Num trecho, o padraste de Graciele (Sérgio) conversa com seu filho Leonardo sobre a morte do garoto. No díalogo, Leonardo pergunta se Leandro tem a ver com o caso? A resposta de Sérgio é de que “claro que tem”, mas deve ficar limpo na história, pois é quem sustenta a família e que Graciele, o inocentado em depoimento ficaria pouco tempo presa. Em outro trecho, dois outros familiares conversam sobre o mesmo tema e falam em Leandro como “mentor do crime”.
O MP denunciou Leandro Boldrini também por falsidade ideológica. “Leandro, já sabendo que o seu filho estava morto, vai até a delegacia de Três Passos no dia 6 de abril e faz um boletim de ocorrência sobre o desaparecimento do filho. Ele sabe o BO é um documento público e coloca a Polícia e toda a comunidade atrás do garoto Bernardo. Foi uma desfaçatez, esse álibi previamente estabelecido. Ele sabia que era um engodo, que era falso o desaparecimento. Leandro já tinha conhecimento de que seu filho estava enterrado numa cova coberto por soda”.
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Além disso, a promotora afirmou que enfermeira Graciele Ugulini e a assistente social Edelvânia Wirganovicz foram as executoras do crime. Dinamárcia Maciel afirmou ter provas de que a madrasta, parceria e cúmplice de Leandro, não gostava do enteado bem como Leandro também não gostava do filho. Para a promotora, Edelvânia, que foi cúmplice de Graciele na execução do crime foi atraída por recompensa em dinheiro, aproximadamente R$ 6 mil que ela utilizaria para quitar dívidas.”Edelvânia foi atraída pelas mãos cheia de dinheiro de Graciele e Leandro”, disse a promotora.O pai, a madrasta e amiga do casal devem responder por homicídio qualificado – pena de 12 a 30 anos – e por ocultação de cadáver – pena de 1 a 3 anos e multa. Além deles, outras pessoas podem ser denunciadas por falso testemunho e omissão de socorro.
A apresentação da denúncia da promotora de Três Passos, Dinamárcia Maciel, ocorreu às 14h no auditório da Unijuí – mesmo local onde foi divulgado o inquérito policial na terça-feira. Essa foi a última participação de Dinamárcia no caso, já que ela será transferida no mês que vem para São Luiz Gonzaga. Essa transferência foi solicitada antes do desaparecimento do menino. Uma nova promotora, que será apresentada hoje por Dinamárcia, assumirá o caso Bernardo.